Somos vasos.
Vasos de barro.
Frágeis.
Frágeis.
Aparentes.
Enfeitados.
Rejeitados.
O oleiro nos fez, mas talvez não nos tenha.
Somos remendados, mas não restaurados.
Queremos o novo, mas não o renovo.
Queremos ser cheios, mas não derramados.
Não permitimos.
Não cedemos.
Não nos entregamos.
Não nos rendemos.
Mas o barro só tem a vida se recebe o sopro.
A beleza só aparece ao tirar os enfeites.
Rachaduras não somem com meros esforços.
Aceitação não cura grandes vazios.
Precisamos que o oleiro nos tenha.
Precisamos voltar ao oleiro.
E permitir que nos desfaça.
E ceder à sua graça.
Entregar às mãos que nos quebrarão.
Desfazer para refazer.
Chorar ao derramar.
Sorrir ao encher.
Pois esse é o processo.
Essa é a essência.
Vaso que não foi quebrado,
e refeito em cacos de dor,
não pode ser cheio do amor.
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