quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Luz Que Só Vai Aumentar

O reino de Deus vem. Aos que esperam e aos que não esperam, aos que se permitem sentir e aos que não sentem, aos que aceitam e aos que criticam. O Reino vem para todos! E embora alguns o rejeitem, ainda que seja tudo o que se precisa nesse mundo, nada impedirá que o poder de Deus se manifeste nem que a justiça infalível e a alegria imprescindível brilhem como o sol ao meio dia. Não é a força do homem ou a intenção do mal que pode tirar Deus do Seu lugar. Ele está sobre tudo e sobre todos. A soberania dEle dita todas as coisas e nada sai do Seu propósito! Por isso, não importa nem um pouco se criticam os filhos de Deus, se debocham, se perseguem, ou se os falhos filhos de Deus têm sido algum motivo de escândalo e vergonha para o evangelho... Nada importa mais do que o fato de o controle estar nas mãos do Eterno! Nada importa mais do que o fato de que a figueira tem produzido os frutos que serão colhidos em tempo oportuno. Quando se entende que o propósito de Deus é muito maior do que nossa mente humana e infantil é capaz de compreender, só nos restam duas opções: Ser parte do dia que começa a nascer ou se esconder na noite escura que chegará ao fim; deixar que a glória de Deus se manifeste em você ou permitir que a vanglória te esconda na caverna mais confortável, de onde você pode apontar as falhas e sujeiras daqueles espelhos que se dispuseram a refletir o brilho da luz. Assim é o reino de justiça, de paz e alegria que vem... Você já ascendeu uma vela em um quarto totalmente escuro? Então pode imaginar do que eu estou falando.


segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Não podemos confiar em nós mesmos!

Quando em extrema tolice permitimos que a hipocrisia alheia ou o pecado 'inofensivo' nos distanciem de Deus, nossa sensibilidade perde toda a força. Como um anestésico, a ilusão nos leva a um encantamento onde estacionamos a nossa vida no escuro e não reagimos à completa falta de luz. Logo passa a ser cada vez mais difícil ouvir a voz e direcionamento de Deus, enquanto nossas próprias razões soam mais alto e aparentemente mais belas do que a própria verdade.

Agimos como sonâmbulos, colocando uma venda nos olhos e nos entregando ao juízo inapropriado. Aos poucos o modo de viver se torna enganoso, e passamos a acreditar que estamos em paz, que está tudo bem conosco... Mas não está. Não é possível estar tudo bem, se a vida não está em concordância com a vontade de Deus! O fato de nos acharmos confortáveis por si só revela o quanto a vida vai mal. 'Pois aquele que deseja me seguir, disse Jesus, tome a sua cruz e venha...'

Cristo nos chama das trevas para a luz. Ele nos convida ao quebrantamento. Por isso há um certo desconforto na presença de Deus, algo que complementa essa paz misteriosa que vem do alto. Só podemos descansar na certeza de que a vida vai bem, quando nos incomodamos com nossas imperfeições, quando nos atentamos à tão grande necessidade que temos por mais de Cristo em nós, quando entendemos que o ser é mais humano apenas quando reflete a Cristo. Ninguém pode se encontrar na natureza, na arte, ou no estilo de vida que lhe convém. Nem em si mesmo o homem pode se encontrar com tamanha precisão. Em tudo isso há resquícios da mesma essência, obviamente, mas é somente no Criador que a criação encontra o seu significado, sua verdadeira paz e plenitude.

Entender, como o apóstolo Paulo, o quão miserável é nossa condição, é o que eleva a nossa vida a um patamar de verdadeira transformação. Nisso consiste tudo o que precisamos: Existir e nos mover em Deus.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Não somos fuleco

"Foi dada a largada para os jogos do campeonato mundial, e a partir disso creio que se espera que o patriotismo - mais conhecido como o gigante que acordou e dormiu de novo - que foi tirado da gaveta junto às vuvuzelas, aos chapéus e blusas em verde e amarelo, não seja guardado novamente tão cedo. Que essa paixão intensa por uma vitória conduza a um caminho para além das vibrações por um gol ou bons passes. Espera-se, do fundo do coração de cada brasileiro sincero, honesto, justo e íntegro - ainda que ele não tenha uma consciência bem definida de tal esperança - que a vontade do melhor pelo seu país não seja descartada ao final das festas e torcidas que, francamente, não anulam o momento de crise, apenas funcionam como um anestésico para alguns cidadãos. Não menciono a torcida, a festa ou a alegria como fatores a serem descartados, mas insisto em que a consciência seja extremamente valorizada e resgatada! A consciência de que a vitória da qual realmente precisamos, e desejamos, não está sob responsabilidade de um time de vinte, mas em nossas mãos, favorecendo-nos com o direito de decidir a 'equipe técnica' que pode realmente trabalhar em nosso favor. Em favor do povo que acredita e grita da arquibancada, mas que também sabe como jogar o jogo. Após a festa da copa teremos um momento decisivo e importantíssimo. Podemos agir como escalados do time e usar a sabedoria, ou podemos ser meros espectadores que apenas vêem a bola rolar e depois só sabem reclamar do "juiz ladrão". Levemos a sério o fato de possuirmos a possibilidade da decisão."


segunda-feira, 19 de maio de 2014

Imensurável Valor

De que vale admirar a estrada se prefere a margem do caminho?
De que vale apreciar a verdade se cede ao gosto amargo da ilusão?
De que vale venerar a vida e se inclinar ao caminho da morte?

O preço da luz é refleti-la.
O preço da cruz é carregá-la.
O preço do amanhã é o agora.

Boas intenções podem construir uma linda jornada, mas não o seu fim. Aliás, dizem que a estrada para o inferno é pavimentada exatamente dessas intenções. E qual é a dúvida?! Afinal, tudo o que parece tão gostoso, tão prazeroso, não é o que nos atrai de fato? No entanto, por vezes nos esquecemos da essência que nos faz recuar, que nos eleva ao arrependimento de algum equívoco. Tal essência que nos traz sempre ao mesmo ponto: uma necessidade de mais vida, de mais sabedoria, mais senso de justiça e sanidade.

O fim justifica os meios, logo, somos levados exatamente aonde escolhemos ir. Justificamos nossas incoerências em vão, optando pelo prazer do momento e nos esquecendo que as consequências existem, quer queiramos ou não.

A questão é simples: Se o fim justifica os meios, tudo o que precisamos é ser justificados no meio do caminho, onde quer que nos encontremos. É no meio da história que Deus se encontra. Qualquer caminho pode se tornar o verdadeiro caminho!

Faça um favor a você mesmo e não ande mais nenhum passo se reconhece que está no lugar errado. Admita suas fraquezas e incertezas, e escolha o novo rumo para seguir a partir de agora. Porque não adianta se admirar ou se encantar com a luz do outro, com o exemplo do outro, com a vida do outro, se você não quer essa vida em você.

Qual o valor em reverenciar a Deus à distância, se não preza por viver a vida de Seu filho entregue numa cruz?!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

O homem, sua essência e seu destino

O homem tem receio do que ele mais anseia, ainda que não conheça tal desejo. Ele talvez fuja do peso de um dia ser perfeito, completo, totalmente luz e totalmente amor. Entrega-se à fuga de sua própria essência dia após dia, em direção ao escuro, à indiferença, à doença do amor próprio exacerbado. Vê-se mais distante de si mesmo tornando-se mais próximo àquilo que é surreal. Sua dádiva esquecida, seu legado abandonado. A tristeza que o afeta cada vez que recosta a cabeça no travesseiro, a dor que o aperta cada vez que se vê sozinho, o medo que o acerta cada vez que tenta fixar os olhos à frente...

Pela falta de confiança afugenta dos seus dons e se esquece do seu dono. O homem que tem sede de vingança, na verdade tem sede de justiça. O homem que se arrisca na perdição de fato não conhece mais o caminho de onde se perdeu. Suas voltas em torno dos próprios desejos o levam para o mesmo fim, e sua confiança no enganoso coração o derruba sem que ele perceba. Quando consegue enxergar se dá conta de que foi levado para longe do propósito, longe do sentido real de sua existência. O homem foi criado para encontrar-se com seu Criador. Ele não pertence à dor, não pertence ao falso sorriso que seu coração maquila, muito menos à irracionalidade com que escolhe seus passos, palavras e pensamentos. O homem é o sonho mais incrível de Deus. Sonho concebido a partir de um desejo imensurável e incompreendido por limitações humanas, com a finalidade de reverenciar Aquele que o criou na simplicidade de ser ele mesmo. Homem tão fraco que foi criado pela maior força, mas se entrega ao perigo de se enfraquecer em sua natureza redimida e se confundir na mistura entre duas paixões. Esquece que é feito luz, feito amor, ainda imperfeitos, no entanto a caminho da perfeição.

Tudo o que o homem precisa é desvendar os olhos, enxergar a possibilidade para o qual foi formado e se entregar à liberdade verdadeira, não àquela que o torna dependente da sujeira para viver de forma aparente até morrer. O homem é gota que se dissipa nessa Terra, que se receia pelo seu fim, sem saber que a finalidade é tudo o que ele mais deseja. O homem que segue seu percurso em genuína liberdade e entrega, flui e corre como um rio sendo atraído pelo mar aberto. Seu fim é o seu criador. O destino do rio é o grande oceano, de quem teve certo medo, mas onde se torna completa perfeição. Um dia o rio fará parte do oceano, ou do abismo, e a escolha de ser verdadeiramente livre terá feito toda a diferença.


terça-feira, 1 de abril de 2014

Uma redação sobre a fé e o amor

Certa vez ouvi em uma conversa de adultos que a fé é o poder do ser humano. Que ninguém pode caminhar sem fé, que ela nos faz enxergar no escuro, e pode até mover montanhas... Bom, eu não posso falar com tanta certeza, pois ainda tenho apenas onze anos, sou apenas uma criança crescendo e estou aprendendo sobre as coisas, principalmente essas mais complexas da vida. Na verdade eu acho que nunca entenderemos o suficiente, mas essa não é a questão.

O que sempre me faz pensar bastante e até me deixa confuso é o tal poder, ou, seja lá o que a fé for, como a posse mais importante de um homem. Não só a fé, mas a felicidade que as pessoas tanto procuram, ou a segurança que tanto desejam comprar. Será que ninguém percebe o quanto o amor nos faz falta? Eu sei disso porque me mudei faz alguns meses. Meu pai foi transferido no trabalho, e injustamente eu tive que deixar meus amigos para trás. Meus amigos que tanto amo fazem falta no meu dia a dia... E é por isso que tenho certeza do que digo. Da mesma forma que sinto falta de pessoas que amo, sinto falta do amor como se fosse uma pessoa que foi embora. Fico me perguntando onde ele se escondeu. Será que ele se assustou e fugiu de nós? Ou será que nós não entendemos que todos mereciam igualmente a sua presença, e logo ele foi embora pra não ser motivo de brigas?!

Engraçado... Pensar que o amor deveria ser a principal razão para não haver brigas, ou guerras, ou medo. É isso o que penso ser amor: o verdadeiro poder do homem. Tal homem que se esqueceu de tamanha força contida em uma decisão de amar, e acabou sucumbindo ao seu oposto. É tão triste ver que as pessoas crescem e vão se esquecendo do poder que tem, ou vão adaptando-o aos seus próprios gostos e desejos. E por fim, as crianças amam muito mais do que aqueles que já estão maduros, que conhecem da vida. Os adultos, que têm tanto a ensinar, tem muito a aprender conosco. E digo com absoluta certeza. Tudo o que sei é que o amor, esse grande amigo que habita em mim, é o único meio de sobrevivência no meio de todas essas crises modernas. Ouvimos falar que a fé faz mover montanhas, mas quem pouco ama, pouco acredita, e assim, obviamente, pouco usufrui do poder da fé. O amor é o maior poder de todos! Enquanto a fé move montanhas, o amor move pessoas, e esse é o verdadeiro milagre dos nossos dias.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A respeito da Fé

Havia um barco em meio ao oceano. Cerca de doze homens navegavam nele. De dentro do barco avistaram um fantasma, e se assustaram. Mas na verdade o fantasma era um homem. O homem. E esta é a primeira coisa gerada quando falta a fé: A visão dos homens comuns começa a se tornar cegueira. Eles passam a enxergar conforme as circunstâncias. Vêem o amigo mestre sobre as águas, mas enxergam um assombroso fantasma.

Apesar do medo comum ao meio, um deles reconheceu a voz do mestre. Pedro ouviu a fé lhe chamando e decidiu sair do barco. Mas aquilo era loucura! Pelo menos parecia... Sair do barco em alto mar, acreditando poder pisar na água como se fosse um firmamento sólido?! Embora outros estivessem confusos, Pedro acreditou. Ele deu o passo. E este é mais um ponto sobre a fé: Ela só é completa se nela existe ação. A incredulidade dos outros homens fez-no permanecerem na comodidade e segurança do barco. A falta de fé inibiu a atitude deles, e a falta de atitude os aprisionou na insegurança.


Mas Pedro avançou. Ele arriscou por os pés sobre o incerto, apenas porque confiava naquele que lhe dirigia as palavras em meio à confusão. Porém, foi apenas colocar os dois pés para cair e afundar nas águas. Talvez ele tenha caído porque a fé ainda era pequena, insuficiente, ou talvez porque, naquele breve momento, ele acreditou que ele podia. Creu mais em si mesmo do que no Mestre que o chamou. Isso é o que a auto-suficiência faz. A queda que ela causa é ainda pior do que a dos incrédulos. Mas depois do susto Pedro pôde perceber: A mão daquele que o segurou, levantou-o acima da superfície para respirar novamente. Logo ele pôde entender que seu fôlego de vida, bem como sua fé, era sustentado pelo único capaz de levá-lo a realizar o impossível.

- Com base no texto bíblico de Mateus 14.22-32

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sonhos e Versos

Muitos acreditam que a vida é feita de sonhos, mas o que é mais importante? Uma vida baseada em sonhos ou sonhos feitos de vida? Basta olhar para dentro de si e perceber o que te move... A busca por realizações pessoais é até considerável, mas nada pode ter mais prioridade e propriedade em nós do que a vida, sublime, de Deus.

O homem se atrapalha no seu próprio entendimento, se esquiva nos seus próprios sonhos, na sua auto-realização. A verdade é que, enquanto as nossas vontades não estiverem de acordo com o quanto dizemos que amamos a Deus, estaremos cegos e vulneráveis a tropeçar em qualquer pedra do 'eu sei', 'eu quero', 'eu posso'.

A vida é uma folha em branco e os sonhos são as palavras nelas escritas. Quando alguém as lê os sonhos se tornam realidade, e as palavras se tornam versos que se encaixam perfeitamente no contexto presente. Portanto, que relevância tem um sonho ser realizado para si mesmo, enquanto O Criador de todas as coisas realizou o seu primeiro sonho em todos, escrevendo verso por verso, uma poesia diferente para cada vida? Ele continua sonhando, por nós, conosco. E muitos vivem perdendo tempo buscando realizações pequenas, medíocres e limitadas, se comparadas ao que Ele separa para cada um de nós. Ele é quem realiza aos que se dispõem. Ele é quem escreve os melhores versos. Contudo, a escolha é individual: Vai continuar escrevendo sozinho, ou terá a humildade de se inspirar nos versos do verdadeiro poeta dos sonhos?


"Ou escreves algo que valha a pena ler, ou fazes algo acerca do qual valha a pena escrever." (Benjamin Franklin)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

À procura de Esperança

O pássaro despertou logo cedo, com o barulho dos que viviam ali desde que invadiram seu espaço sem muita educação ou pudor. Incomodava-lhe o fato de que os sons e ruídos que eles faziam, de certa forma tão repulsivos, abafassem o dom que lhe invadia a alma e saía em forma de canto. Entristecia-lhe essa coisa de se acostumar com o infame, como se o feio fosse mais encantador que o belo. A ordem se invertera. E isso o assustava. Ele precisava sair dali, voar um pouco além do lugar comum, quem sabe ir a busca de realidades melhores...

- Como se isso fosse possível! – Ele pensou. Em sua mente havia certa descrença, contudo ele voou alto. Acima dos motivos errados. À procura das razões certas para continuar acreditando na beleza da vida. O pássaro subiu à colina mais alta que pôde e pousou. Descansou um pouco, olhou para baixo e começou a assistir tamanha diversidade de escolhas. Sim, escolhas. Ele já havia pensado nisso, que as pessoas são todas iguais e o que as diferencia é o que elas escolhem. Além do mais, o ambiente era o resultado das escolhas de todas essas pessoas que fazem parte dele. Do alto ele podia ver como um todo, no que as diferentes escolhas resultava. Como as ruas e estradas, os rios, mares e lagos interligado formam um único desenho visto de cima, assim era a cidade. O que antes era só o azul do mar, agora era manchado de preto brilhante. O que era pra ser verde contrastado de cores vivas, agora era cinza depois de queimados. - Eles pintam os prédios que constroem sobre as cores naturais, e chamam isso de belo. Argh! – Pensou com um tom de repúdio.

Apesar de indignado, ele resolveu descer até lá e sobrevoar a cidade, por entre as altas construções e o que sobrava da natureza. E ao chegar mais perto ele se assustou um pouco mais. Percebeu que, por mais bem iluminadas fossem as cidades, quando se estava na rua era como estar preso numa caverna escura cheia de ursos ferozes. Não havia como sentir confiança alguma. Não se ouvia sons encantadores, apenas ruídos ensurdecedores. E o pior de tudo: Não havia um sequer que parecesse incomodado com tudo aquilo (pelo menos que ele tenha visto). Logo então o pássaro subiu novamente, chorando, inconformado. Foi subindo desorientado, pensando em como os humanos puderam entregar a vida, o deslumbrante, sublime e fascinante em troca de um modo de viver tão indigno e fracassado. Ainda era tarde do dia, mas para ele tudo escureceu de repente. Sem perceber, o pássaro havia entrado em um andar de um prédio em chamas. Era tudo fumaça e fogo. Ele tossiu, tentou resistir, mas perdeu as forças e caiu.

Algum tempo depois, talvez algumas horas, o pássaro acordou assustado. - Será que fui pego pelo sombrio mundo dos humanos? Onde eu estava quando apaguei? – Ele pensava e piava incessantemente, como uma criança indefesa. Ou como aquela criança, do sombrio mundo dos humanos, que o resgatara daquela terrível situação. Aquele inocente e desbravado garoto de apenas dez anos de idade, que o viu entrar no cômodo de onde estava sendo resgatado, batendo asas e desesperado para encontrar a saída. O garoto já estava na porta, no colo de um bombeiro (que também tenha o seu mérito), quando percebeu aquele pássaro perdido e indefeso e se deu conta de que o seu resgate não era mais digno que o resgate do pássaro, afinal, os dois estavam perdidos, os dois eram indefesos, e os dois mereciam a vida.


O menino olhou para o pássaro e percebeu, no fundo daqueles pequenos olhos brilhantes, que o medo e a insegurança tomavam conta daquela criaturinha tão graciosa. – Você não merece isso. Eu não posso deixar que essas coisas ruins tomem conta do seu coração. Venha aqui que eu vou te dar um abraço. – O garoto pegou aquele pequeno pássaro que quase cabia na sua mão e, de alguma forma, o abraçou delicado e firme ao mesmo tempo. Então ele sussurrou para o bichinho: – Eu ouvi falar que um abraço expulsa tudo aquilo que há de ruim dentro de nós, mas isso é um segredo dos fortes, ok?! - E o passarinho confiou. E o amor agiu. E o medo, a insegurança, a descrença, tudo aquilo se fora...

O pássaro agora tinha um dono que o amava, que o deixava livre. Um dono muito maior do que ele, de um amor tão puro que o constrangia. Assim ele percebeu o quanto estava equivocado em relação aos humanos. Havia esperança sim. Ainda existia alguma luz como a essência que diferencia os homens. Não é porque a maioria está cega que a beleza perdeu o seu valor. Não é porque acreditam na mentira que a verdade deixou de ser digna de toda crença. Vale a pena acreditar uma vez. E mais uma. E sempre. Porque, assim como o garoto reconheceu que os dois eram igualmente dignos da vida, existe alguém por quem vale lutar. Existem aqueles por quem não se pensa duas vezes para entrar no fogo e resgatá-los. Se olharmos ao redor, veremos, e teremos a chance de escolher. Nesse conceito o passarinho estava certo. O que nos diferencia é as escolhas que fazemos. E veja bem: Para ele o que diferenciou o menino de toda a cidade foi a sua decisão de escolher o amor. E o pequeno voador, agora totalmente novo, esperava que muitos aprendessem com o seu novo dono a escolher o amor todos os dias. O seu nome agora era Fênix. E sua força, a esperança.