quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Garoa


 Dias que amanhecem nublados mostram que o sol veio parar em mim, a iluminar tudo o que eu sinto de mais escuro, a tornar cada canto em meu interior mais vivo. Nuvens cinzas se formam sobre o que sinto, e revelam as cinzas do que há muito se queimou por dentro. O que é para ser descartado ao lixo não pode ser guardado em um vaso bonito. Não no coração. Não na mente. Ou onde quer que a sagaz consciência queira esconder, permanente. Evidências cobrem todo o corpo em suor, como o orvalho antes que amanheça, a fim de que permaneça apenas o que é agradável de quem já existiu aqui um dia. E que tudo fique claro assim que a nuvem se for, que depois do frescor a luz produza calor, intenso, vívido, a curar aquela velha dor. E que não morra aquela ideia de que a vida às vezes escurece, por necessidade, por bondade da luz que sempre estará lá fora, acima das nuvens. E o mais importante de tudo é que se deixe essa luz entrar.

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