quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

#FirmandoOsPassos

 O sonhador paga o preço por sonhar. Ele não quer deixar de acreditar nele mesmo, nas pessoas, nos propósitos de Deus. Alguns amigos vão se afastando, outros vão se conhecendo. Sentimentos novos e agradáveis têm surgido. Dois meses de muita novidade já se passaram. Casais feitos e desfeitos, decisões tomadas às pressas e outras bem pensadas, consequências sendo colhidas e outras sendo plantadas... Muitos estão pisando em ovos, dando passos no escuro. Poucos estão firmando os pés em algo sólido, confiando verdadeiramente na fé. O que ninguém pode negar é que a escolha está sempre disponível, e a jornada sempre continua.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Lobo e a Lua (o canto e o brilho)


 O amor começou. Desconhecido. Bonito. Como o primeiro passo dado. Tornou-os conhecidos e amigos. Melhores amigos. Marcou encontros e permitiu a esperança pairar na floresta. Todas as noites eram especiais, e nenhum amanhecer era comum. O lobo uivava chamando o brilho da noite que ele amava. A lua surgia banhando a sua solidão em prata. Os dois trocavam olhares, harmonizavam sentimentos generosos e sentiam-se próximos através do mar. Era onde o lobo aguardava, e de onde a lua surgia todas as noites. Quanto mais brilhante, mais alto o uivo. Quanto maior, mais crescia a esperança de tocá-la um dia.



 Havia noites em que a lua não aparecia, e nesses momentos escuros a dúvida sobre o amor surgia. Eram horas de solidão, onde só o amor doído se sentia. Mas a novidade que ele nunca experimentou estava ali. Tudo o que o fazia cantar por longas noites, tudo o que o fazia esperar por longos dias. Era a primeira vez que se sentia tão vivo daquela forma, que uivava tão bravamente para mostrar o melhor que podia, e que acreditava em algo impossível como se fosse apenas questão permissível da natureza. Por isso a dúvida não o impediria de querer ser o melhor, não para os outros, mas para aquela que o olhava de forma diferente, que o banhava de uma prata paixão.

 Ouviu um dia boatos na floresta. Outro lobo havia conquistado o brilho da noite, do outro lado do oceano. Não podia acreditar, também não podia duvidar. Todos gostariam de ser parte da intensa luz que aquela única lua refletia. Sim, ela era única, mas parece ter se tornado igual. Não igual a outras luas inexistentes, mas igual a outros astros. Mesmo assim ele insistiu, e além de perceber a verdade dos fatos no seu brilho certa noite, ele perdoou. Foi graças a ele que naquela noite de um seco outono choveu. A lua chorou, e se deu conta de que nenhum outro lobo, ou qualquer outro animal, poderia fazê-la brilhar de forma tão autêntica e intensa.

 Diante do perdão e encanto que pode haver nesse tipo de atitude, a Lua fez uma promessa. Nada ou ninguém poderia motivá-la a trazer mais vida e brilho a todas as noites do mundo. Ela contaria as horas de onde estava para que fosse noite onde ele estava. Eles se encontrariam para sempre e, caso a natureza permitisse, um dia o lobo poderia habitar seu espaço, e fazer parte da sua luz de vez.

 Por longo tempo permaneceram assim. Foram cúmplices do que na noite ocorria. Ela sempre ouvia sobre o que no dia acontecia. Amavam-se, contemplavam-se à distância, perseverantes de um amor imenso como o mar que os separava. Então um dia o inverno tomou conta de tudo. O lobo se cansou por algum motivo, e parou de dar o seu melhor a quem merecia quando escureceu. A lua deixou a sua grandeza e brilho de lado, ofuscou-se. Até hoje não entendem a razão. Talvez a natureza quisesse assim. Mas um pouco daquele motivo de esperança ainda existia dentro dele, embora tentasse reconquistá-la, por anos a fio, em vão. Queria ser o motivo do melhor brilho que pudesse da única que amara até então. Lógica, ou ilogicamente, não obtivera sucesso...

 Em determinado nível de solidão o lobo percebeu que talvez ela houvesse encontrado outro melhor do que ele, ou simplesmente esquecido de sua existência. Não estava certo sobre isso, mas o que ele podia afirmar no seu canto de lamento pelas noites, a partir dessas hipóteses, é que o brilho dela havia mudado junto aos seus valores e motivos para iluminar as noites. Ele se desprendeu. Percebeu que havia tantos outros seres dispostos a conhecer o seu melhor. Sempre se lembraria dela, mas a lua não seria mais o seu motivo de uivar e bradar. O lobo e a lua se conheceriam melhor que qualquer astro ou ser vivo, para sempre. Por isso ele sabia que ela buscava nova cores e motivos para refletir e brilhar, por um tempo desconhecido senão pela natureza. E quanto a tudo o que sentiram um pelo outro, ninguém naquela floresta, ou em qualquer outro lugar, poderia ser capaz de dizer que não foi verdadeiro... Pois a teoria de uma antiga lenda sempre sustentará a veracidade da história.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Desequilibre-se

 Chega de ser da noite e ser do dia. Chega de ser do frio e do calor, da maldade e da bondade. Chega de ser entregue à mediocridade. Chega! Existe um ponto de equilíbrio como o eixo que planta os pés do homem, mas não se pode estar na corda bamba e esperar pela própria queda. Equilibrar-se na auto-suficiência já é decidir-se cair. É preciso sair do equilíbrio. Necessário optar por algum extremo. A escolha é direito comum e define o caráter, segue uma direção, separa os pólos da mente, do corpo, do coração. Ninguém deseja desmoronar-se em frustração. Não se opõe à direção que lhe tira do quase caído enquanto ainda tem vez. Ou a luz está acesa ou está apagada. A comida está fria ou quente, doce ou salgada. Ou o ser é anjo ou é demônio. Ou o homem é bom ou é mau. E se tenta se equilibrar já se perdeu na vida morna, para o qual não foi criado. Ou é um novo homem a cada dia, ou se desgasta na mesquinharia. A escolha deve ser feita em tempo oportuno. Esse tempo que é agora mesmo. O caráter só é revelado quando se decide ser alguém. É preciso escolher entre o antigo e o novo homem. Decidir-se renovar ou se perder. Saia da corda bamba. Desça do muro. Seja quem nasceu para ser. Escolha um lado qualquer e lide com as conseqüências, mas chega de se equilibrar e ser a platéia do próprio declínio!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Perseguindo a Névoa


 A pior sensação que existe é a de acordar de um pesadelo, desesperado, como se aquilo tivesse sido real. E duas noites atrás foi o que aconteceu comigo, porém de forma ainda mais tátil e assustadora. Do pesadelo tudo apagou. Acordei suando frio, mas o dia ainda não havia clareado. Na verdade ainda estava muito escuro. Quando me assentei na cama, percebi que não estava nela, mas sim em uma rua de pedras. ‘Será ainda um sonho?’ Pensei. Mas era tudo real demais para eu não estar acordado. O tudo era nada. Só era possível ver uma névoa acinzentada em meio à grande sombra que dominava aquele lugar. Tentei me deitar para voltar a dormir, dando um jeito de fugir daquela situação incomum, mas seria impossível com todas aquelas pedras desajustadas. Além do mais, se aquilo era mesmo um sonho, talvez fosse para me trazer mais profundamente à realidade do que aquela em que eu vivia. Constatei o que havia imaginado quando ouvi uma voz dizendo algo a mim, o que me fez ter a sensação mais estranha que já tive em toda a minha vida. Certo medo brotou dentro de mim e me conscientizou de que aquele lugar, aquela voz e os sentimentos que me provocavam eram mais que a realidade da forma que eu a conhecia. Tudo aquilo era, sem dúvida, a própria e genuína verdade. A estranha e pacífica voz disse, sussurrando: ‘Você precisa estar sozinho agora, mas independente do medo comum, não pare de caminhar em direção ao que você mais deseja. Você terá um momento para viver a realidade da forma como ela realmente é.

 O que comecei a sentir era mais temor do que medo. A vontade de permanecer ali era maior que qualquer impulso a fugir daquela voz, mesmo que me fizesse estremecer. Aquela escuridão era de fazer qualquer um chorar de medo, mas eu ainda não havia chegado a esse ponto, justamente porque pude sentir a presença que aquela voz possuía, poderosa o bastante para preencher qualquer vazio em que o medo pudesse entrar. Então perguntei de meio assustado: ‘Quem é você? Onde estou? O que estou fazendo aqui, e por que tenho essa leve sensação de solidão? ‘ A voz respondeu, fazendo-me sentir ainda menor e mais solitário, como alguém que não conhece nada sobre si mesmo: ‘ Eu sou alguém único, conhecido por você em parte e de forma humanamente limitada. Você está aqui porque suas escolhas o trouxeram até aqui. Essa é a realidade que você precisa conhecer. E você tem se sentido assim, pois é necessário se estar sozinho para conhecer as próprias necessidades, limites e objetivos, até que consiga firmar-se neles sem perder o foco.

 Assim que a voz respondeu minhas perguntas, foi como se ela desaparecesse, apesar de não possuir qualquer matéria que eu tenha visto ou tocado. Tive medo. Senti-me só, de verdade, por completo. Não tive reação além de refletir por alguns segundos, o que havia ouvido. Era muito para se pensar. Mas eu nem havia começado a refletir e, surpreendentemente, uma grande parede de concreto começou a desabar de um lado e de outro. Foi só então que percebi aquelas enormes paredes ali. O medo aumentou, impulsionando-me a levantar, e me pus a correr como nunca. A presença da voz ia e vinha. Ela dizia coisas do tipo ‘ Não pare. ‘‘ Não desista. ‘‘Você consegue resistir. ‘... E eu não parava de correr, enquanto barreiras apareciam a minha frente e grandes muros caíam atrás de mim. Foi então que eu percebi que eu podia enxergar no escuro. É muito fácil ver de olhos abertos, mas é na escuridão que aprendemos a enxergar. Deparei-me com um enorme precipício, e a névoa que me acompanhava desde o início acima de mim, sem eu percebê-la, se fez como ponte para que eu atravessasse aquele lugar horrível. Eu não tinha tempo para pensar o motivo de ela estar ali ou ter feito aquilo por mim. Tive que ir em frente, e acreditar que eu não cairia. Atravessei.

 Parei para respirar, pensar, ou algo que me colocasse no lugar certo. E a presença da voz havia voltado, daquela vez dizendo algo diferente do que eu estava ouvindo desde o início daquela estranha aventura: ‘Você pode sentir como se não tem mais forças, às vezes, mas você sempre será capaz, se acreditar no que eu estou lhe dizendo! Creia você ou não, você está correndo de desabamentos há dias. Aprendeu a dar passos no escuro, justamente porque tem dado atenção a cada palavra que digo e guardado em seu coração. Não deixe isso morrer! A partir de agora você tem um longo caminho de destruição à frente. Terá muitas barreiras, enormes, para derrubar e ir contra. Mantenha o foco na luz à frente!’ E assim que a voz mencionou a palavra luz, ela apareceu como mágica do tamanho de um vaga–lume, bem longe de onde eu me encontrava. Aquela presença que me fortalecia de uma maneira que eu nunca havia experimentado, continuou: ‘A luz que você vê é o que te motivará a continuar e acreditar que pode chegar até ela. O que brilha lá na frente é os seus maiores sonhos juntos ao seu propósito de vida. Não desvie o seu olhar em momento algum. E não desanime diante de qualquer barreira, independente do tamanho dela. Você vai sim sentir dores ou cansaço, mas qualquer impedimento é banal para aqueles que são feitos de fé. Creia. ‘ Como eu já esperava, ou não, a presença deixou de ser novamente.

 Logo que retomei a corrida, agora com um foco visível, os impedimentos começaram a aparecer. Primeiro foram passagens únicas, onde eu só podia atravessar arrastando. Depois tive que escalar e descer vários morros. Era difícil, não sabia se por motivos de fraqueza ou se por estar sozinho, mas eu mantive o ritmo que podia. Tentava tirar da minha mente todo e qualquer limite que eu conhecia de mim mesmo. Foi algo tão árduo, que eu sinto aquela sensação de desespero e esgotamento até hoje, de verdade. E é como se isso fosse durar para sempre dentro de mim. Por fim, chegando à etapa final de tudo aquilo, parei para ver com mais clareza o que havia na luz que eu perseguia. Observei, e me lembrei de coisas das quais havia desistido em minha vida. Sem que eu esperasse mais uma vez, algo surpreendente e fisicamente impossível aconteceu. Pequenos brilhos começaram a sair da luz e virem a mim, tão rápido que eu não podia acompanhá-los. Milhões deles grudaram em mim e me fizeram sentir como se algo ardesse interna e externamente, mas não me machucava. Lembrei-me que eu estava me tornando de fé, como a voz havia me dito. Então, impedindo meus pensamentos surpresos, grandes blocos de pedra começaram a vir em minha direção. Eles apareciam do nada, e eu podia ir de frente com todos eles, não importava o tamanho ou a consistência. Eu conseguia destruí-los sem que fosse necessário muito esforço, apenas crendo em tudo o que ouvi outrora. Talvez eu tenha trilhado essa parte por dias ou semanas... Houve momentos em que fui derrubado, que me machuquei, que as luzes em mim se apagaram por um tempo, mas eu mantive o meu foco na luz que se tornava cada vez maior e mais insuportável de olhar. Até que a luz foi me cegando, e os blocos pararam de aparecer. Fechei os meus olhos e caí ao chão. Comecei a chorar naquele momento. Nem tanto de fraqueza, mas por ter tido uma experiência tão densa, concreta e árdua. Senti que a luz perdera sua intensidade, então abri os olhos. A poderosa voz se fez presente novamente, mas daquela vez ela tinha forma. Abstrata, mas tinha. A voz pertencia à névoa, que todo tempo esteve comigo. Ela disse apenas ‘Parabéns, você conseguiu. Mesmo pensando que estava sozinho!’ e eu entendi tudo o que ela queria que eu entendesse, afinal, ela era a presença de todos os momentos. A voz me dizia o que eu devia escolher, ou pensar, e da forma como eu deveria agir. Toda vez que ela entrava em meus ouvidos, penetrava a minha memória com o que podia me dar a esperança que eu necessitava. Completando-a, a névoa foi a minha força, meu escudo, minha proteção. Eu me dei conta de que tudo o que eu acreditava na vida que vivia fora dali era naquela névoa, mesmo sem saber. Mas não cria o bastante até então. Por fim, a névoa me agradeceu por escolher acreditar, e completou: ‘Tudo o que você perseguiu até aqui não foram os seus sonhos, simplesmente. Eu era a luz também. Essa luz faz parte de mim. Muitos fogem da verdade porque se assustam com ela. Deixam o reflexo fazê-los esquecer que podem alcançar a liberdade que precisam no desconhecido... E você, foi um bom guerreiro. Não fugiu de mim. ‘ E assim que ela terminou de dizer tais palavras que me fizeram conhecê-la melhor, toda aquela luz foi sugada para dentro da névoa, e essa passou a habitar em mim. Foi aí que eu acordei assustado e aliviado ao mesmo tempo. Obviamente cansado também, mas pronto a encarar o resto da minha vida de forma diferente. Pois aquele dia, onde o sol já brilhava, seria o início de uma nova realidade para mim. De súbito, ouvi aquela voz já comum, no meu interior: ‘Haverão momentos em que você estará sozinho pra valer. Mas, mesmo que isso te machuque, permaneça forte e mantenha sua fé em chamas em seu interior. ‘ Eu estava pronto, então, para deixar de existir, e viver...

'... Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.' Fp 3.14

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Inalterado, o Coração


O ser que se tornou não pode ser mentira, que se altera com os ventos e desejos da sua vida. Só o que resta é amargura, se por fugir do ódio o for. Valorize a juventude, não mate sua flor. Se uma faísca de ódio existe, o amor completo não pode ser. Se não fecha os olhos para amar, só recebe quem merecer. Mas se os maus não o merecem, nele não há verdade. E se ama pela metade, não passa de vaidade. E se a vaidade o consome, o ego é exaltado. E se o ego vencer, nada pode ser alterado. E se a mudança não acontece, o meio é contagiado. O sorriso se envelhece, pelo veneno condenado. E se o indivíduo o mesmo bebe, um a um vai se perdendo. Em cegueira foge da vida, pouco a pouco vai morrendo. Por isso escute caro jovem, o conselho de um velho guerreiro. Sua vida pode ser nobre, ou desperdiçada por inteiro. Se do coração se descuidar, o ódio consumirá o amor. Então não sobrará nada... Nada além da dor.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

#EncarandoAsNoites

 No último ano, a garota do coração partido decidiu dispensar o amor, enquanto aquele que não soubera amar a seriedade da própria vida escolheu viver o passageiro, o momentâneo. Quantos de nós têm a consciência de que o amor é muito mais do que um 'kit de primeiros-socorros'? Sim, o sentimento raro é inexplicavelmente maior do que os beijos que duram apenas as intensas noites dos finais de cada semana. Quem sabe a percepção da ferida aberta, após uma noite de prazer, não ensine o óbvio aos carentes e renove a mente dos iludidos... Devemos cuidar da própria vida, e ajudar aqueles que amamos a cuidarem bem de si. Só não podemos esquecer que, no fim de um dia ensolarado ou nublado, a escolha de como vamos encarar a noite é sempre individual.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dias de Verão em Vitória (Introdução)


 Manhã acinzentada. Nem nublada, nem ensolarada. Apenas um pouco de esperança que tínhamos em fazer a viagem dos nossos sonhos. E aquela seria a oportunidade (pensamos). Maitê, Rafa, Walner e eu sonhávamos com aquelas viagens de filmes, em que um grupo de jovens amigos está junto em um carro conversível ouvindo boas músicas, com o vento batendo forte nos rostos que carregam óculos escuros estilosos, numa estrada em direção à praia de Malibu. Mas a realidade é BEM OPOSTA ao sonho, e a diferença sempre está nos pequenos detalhes importantes: Estávamos juntos, o quarteto (de idiotas e loucos), porém não tínhamos carro (nem um fusca, quanto mais um conversível) e iríamos de trem. Maldito trem. Não usamos óculos escuros e nem sentimos o vento bater no rosto. O que sentimos foi calor e frio, pelos raios solares que entravam pela janela e a alta temperatura do ar condicionado ligado. Além do mais não víamos estrada alguma, apenas mato, serras, e mais mato além do trilho do trem (AQUELES QUE NOS ACONSELHARAM A IR DE TREM POR SER LINDA A VISTA DURANTE A VIAGEM AINDA ACORDARÃO COM A BOCA CHEIA DE FORMIGA)... Mais um detalhe, talvez o mais importante e entediante: Dá-se ao fato de que a trajetória da viagem de carro dura por volta de 7 horas, e nós ficamos entre vagões (como sardinhas) por 13 horas (quase o dobro), quase uma vida! Aliás, fiquei imaginando como eu chegaria ao destino. Morto, em outra vida, ou sem amigos, pois o Walner seria o primeiro a partir por motivos de gordura máxima, a Rafa tão cedo quanto por falta do que o Walner tinha de sobra, e a Maitê de tristeza por sofrer tanto bullying pela forma como saía nas fotos...

 Tudo bem. Sobrevivemos. Quase, pelo menos. Porque o tédio, pra quem não sabe, pode matar, o pó de minério pode nos sufocar e a comida do que chamam de lanchonete do trem pode (sempre) estar envenenada. E nesse caso último eu seria o primeiro a morrer, pois vamos combinar que é difícil encontrar alguém que aceite qualquer tipo de comida como eu. Enfim, ouvimos música individualmente (coisa mais sem graça), cada um em seu celular, tentamos jogar UNO na mesa da lanchonete, mas não era permitido qualquer tipo de jogo ali (disse o garçom). Logo pensamos: Que m***a é essa? Estamos apostando nossas vidas aqui? Como é que funciona isso? Por quê? Fomos então voltar aos nossos lugares, e inventamos um tipo de jogo (Walner inventou). Jogo das palavras... (Eu não acredito nisso) Tente jogar com seus amigos e a única coisa que vai beneficiar o grupo será a facilidade que vocês terão em descobrir quem é o mais idiota. Diga uma palavra, e o restante deve dizer palavras que tenham alguma ligação com a primeira dita. Isso mesmo que você, leitor, está pensando... Que m***a de brincadeira é essa??? Mas não foi você que foi obrigado a ter esse tipo de idéia pela circunstância de estar em um local fechado durante 13h. CLAUSTROFOBIA, QUASE ISSO.

 Enfim, chegamos ao destino. E de repente bateu o medo: ' - QUEM SÃO AS PESSOAS QUE IRÃO NOS HOSPEDAR?' Tudo bem, esqueci de mencionar aqui, mas nós, de BH, não conhecíamos aqueles de Vitória, a não ser pelo falecido ORKUT (que deus o tenha). Não tínhamos visto uns aos outros pessoalmente por mais de algumas poucas horas no congresso em nossa igreja, há um ano e meio antes daquela viagem. O MEDO ERA DE NOS SEQUESTRAREM! Sério, não estou brincando. Confiar no mundo de hoje NÃO TÁ FÁCIL PRA NINGUÉM! Mas éramos mais loucos que medrosos, então ligamos para os nossos conhecidos e hospitaleiros (que medo). Ficamos ali no estacionamento da ferroviária por, mais ou menos, 1 hora comendo um pacote de DORITOS que estava temperado com muito minério. NÓS estávamos temperados de minério. Era tacar água que poderíamos ser considerados fontes de petróleo. Anyway...

 De repente, quando estávamos quase babando de cansaço, eis que surge uma voz através de um MEGA-FONE. Isso mesmo, Júnior e Rafaela chegam gritando por mineiros com um MEGA-FONE! Vamos pegar o trem de volta, e eles nem vão nos ver (pensamos), mas era tarde demais quando aquele mini-homem Júnior me viu e veio em minha direção para dar um abraço. Resolvi ceder, e vingar o mega-fone com bastante minério. Foi uma boa recepção, mas não acabou por aí... Eles nos levaram para a Igreja antes de ir pra casa. PAUSA DRAMÁTICA (...) mais drama (...) e um pouco mais (...) – VELHO, estávamos indo pra Igreja onde todos estariam para receber um quarteto de ZUMBIS! O jeito era fingir que não estávamos sujos, aliás, quem estava sujo mesmo? (Foi assim que agimos). Ficamos esperando o culto acabar, com as malas na porta da igreja. Depois pediram para que o Walner e eu dançássemos uma coreografia do nosso ministério. E pra ser bem sincero, eu achei que partes do meu corpo cairiam naquele momento. Logo depois fomos levados a casa onde fomos MUITO BEM RECEPCIONADOS pela querida Jack, mãe de Amanda e Wilbert.
Precisávamos comer e fomos ao QUINTURAS, quase um KiMala de BH. Era isso... Nosso primeiro dia estava finalmente terminando, embora parecesse que jamais acabaria.

 Mas esperem para saber o que ocorreu a partir de então...