segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Viver um novo dia


Mais um ano chega ao fim. Mais um ciclo recomeça. Novas oportunidades de vida, de escolhas, de atitudes. E mais uma vez é possível entender que o novo vem do interior de cada um de nós. Do último dia do antigo para o primeiro do novo, existe a rara possibilidade da decisão imediata. Que o antigo fique para trás, e que o caminho para o novo se abra bem iluminado, plano e reto!

"Nada será novo, se você não mudar". O clichê é óbvio e verdadeiro. Nosso coração é como uma terra, uma ilha isolada e bem habitada, onde há vários tesouros enterrados. A terra não se abre sozinha. O tesouro não brilha quando escondido. É preciso ir em busca do que é precioso, do que é realmente valioso. Necessário descruzar os braços e desenterrar o que pode nos manter vivos, sustentados em terra fértil, um coração abundante do que é eterno. O novo vem se o buscarmos. O velho se vai se o descartarmos.

E talvez esse seja o melhor momento para se fazer o que é preciso. Sair do simples e repetitivo desejo de uma vida nova, para a ação que produza a genuína novidade. Talvez o momento em que os fogos se ascenderem no céu, coloridos, nos lembre do tesouro tão vivo e diversificado que existe em nós a ser descoberto. Talvez as felicitações que faremos uns aos outros nos leve a dar o último abraço e beijo naquilo que é preciso largar de vez para deixar no ano que se vai.

Que em 2014 sejamos coerentes com nossas palavras, sonhos e vontades. Que sejamos humanos de boa vontade para a realização daquilo que mais falta em nosso meio, procurando o que é bom, certo e verdadeiro. Que o nosso modo de vida não seja o mais prazeroso, mas exímio exemplar. Sejamos estrangeiros em um mundo tão obscurecido, chamas vivas de esperança e amor por onde formos, para quem conhecermos.

As estações trazem as mudanças de tempos em tempos. Lágrimas e sorrisos. Choro e alegria. Tempos difíceis existem, mas as circunstâncias não fazem a essência de ninguém. Portanto, saibamos confiar e desfrutar do Amor Maior que nos preenche em todo tempo! Olhar para frente é o que importa. Manter os olhos fixos na luz é o que precisamos. Somente assim teremos os nossos sorrisos sustentados no que é invisível aos olhos. Façamos o seguinte nesse próximo ano: Que a partir da primeira oportunidade possamos refletir todas as noites, dia após dia, algo que, de alguma forma, tenha nos feito sorrir. Uma prática simples que pode levar às mais complexas:

Andar no caminho de novos hábitos produtivos,
Aceitar a verdade e crer em sua plenitude,
Viver a verdadeira vida...

Isso sim condiz com a luz clara de um novo dia.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Voar Alto

Para alçar voo é preciso se arriscar e pular da montanha. Entender que o fim da estrutura em que se pisa pode ser o início das realizações nos lugares mais altos.


Para possuir um coração novo é preciso quebrar o antigo em mil pedaços. Coração esse que tristemente se encontra vazio. Que aparenta sorrisos e se afoga em ilusão. Que se perde a toda hora na própria razão. Que alcança o que deseja, mas não possui nada do que precisa.

Ah, coração de asas partidas... Ainda não se deu conta de que o infinito não começou em ti?! Anseia por voar alto, mas só consegue se fazer cair. Só não deixe de decidir. Arriscar a queda, essa é a atitude que faz subir.


segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Deus e eu

Se estou triste, a alegria de Deus é minha força.

Se estou cansado, desanimado ou sobrecarregado, posso me render a Tua paz.

Se estou ansioso, posso lançar o fardo sobre Ele, enquanto Ele cuida de mim.

Se me sinto fraco, então a Sua presença me faz forte.

No deserto Ele me aponta a terra que prometeu, indicando a esperança. No fogo Ele permite que eu não me queime. Ele acalma os leões, acalma o mar, ou segura minha mão pra que eu passe sobre as águas. Ele é capaz de parar os astros pelos Seus.

O Soberano criou o Universo. Ele era antes, é agora, O será para sempre. O grande Eu Sou suportou tudo como homem, superou tudo como amor. Se entregou à dor e venceu a morte.

Percebem o quão simples é?! Nossa desobediência e amor próprio nos fazem complicar tanto... Ele é por mim, por você, por cada um que decide ser parte Dele, ser completo. O nome que está acima de tudo e de todos deseja apenas a nossa fidelidade em segurar a Sua mão e não soltá-la. O restante?! Ele sabe o que faz.

domingo, 27 de outubro de 2013

Convite à Essência

Apenas uma pausa é o necessário para se ouvir o apelo. Quando paramos e nos concentramos no que é essencial, deixamos de ouvir os ruídos e conseguimos escutar o sussurro.

É num desses raros momentos que entendemos a respeito dessa misteriosa vida acontecendo em nós. No minuto em que nos isolamos de tudo ao redor, fechamos os olhos e deixamos a paz tomar conta de tudo o que somos, o amor nos transporta de nós mesmos para um lugar parcialmente conhecido, mas desejado com toda a nossa essência. E é nesse lugar, longe da dimensão confusa e poluída na qual vivemos, que tal amor e tal vida se movem com o intuito de nos fazer evoluir e romper limites imbatíveis.

De forma absolutamente pacífica e poderosa o amor e a vida trabalham juntos, como um só. Enquanto a vida sopra, o amor nos atrai. Com voz doce o seu poder é o discurso. A ação acontece em nós. Chama-nos ao mover, a nos arrepender, da vida aparente ao transparente. O coração se abre ao sopro da vida, a razão se cala acometida, os olhos conseguem enxergar à luz da sabedoria. Nesse minuto mágico, tudo o que se consegue ouvir é um simples convite, irresistível e fascinante:


"Venha. Mova-se em direção a mim. Ao maior amor do qual poderá desfrutar. À única vida plena que poderá viver. Venha até mim como você está, com tudo ou nada que tiver a oferecer. Aproxime-se com seus meios acertos, ou com seus erros inteiros, com suas falhas cicatrizadas ou não, apenas venha... Você jamais poderá ser melhor do que tem sido, senão em mim. Achegue-se a mim portando tudo, disposto a fazer de quem Eu Sou o seu tudo. Eu sou por você. Não há o que perder. Apenas deixe que a atração te mova até o meu ser. Venha como você está. Como você esteve. Como quem você nasceu para ser..."

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Quem Nós Somos

Quem dera soubéssemos quem realmente somos ou tudo que poderíamos ser... Mais que escolhas desperdiçadas, menos que a finitude do tempo composta de grandes sonhos. Nós somos o que deixamos de ser, para que pudéssemos ser o que deveríamos.


Ninguém é somente a dor do passado, os punhos marcados ou as lágrimas já derramadas. Ninguém se resume a pegadas deixadas no chão. Todos nós somos muito mais do que cicatrizes, mais do que conquistas e sorrisos até. Nós somos mais do que a escolha de um momento, seja de voar, de arriscar ou de cair, mais do que aquilo que pensamos, mais do que os rótulos pelos quais somos conhecidos. Aquilo que realmente somos excede o tempo que nos rodeia, o imutável permanente, que permeia por esperanças despedaçadas. Nós somos grandiosas mudanças constantes. As escolhas do antes e do agora, do erro e do acerto que faz voar mais alto que outrora. As pegadas que deixamos e que nos permitem voltar pelo mesmo caminho em direção ao amor. Nós somos filhos do amor. Somos luzes que escolhemos ascender, cicatrizes fechadas que revelam a cura da dor. Não somos apenas o agora, mas o depois, das lutas vencidas a honra conquistada. Somos escolha. Vivemos então, escolhendo bem o que somos?

É verdade. Certas coisas nunca mudam… Mas e as pessoas? E nós? Realmente acreditamos em quem podemos ser pelo favor da graça sempre concedida, ou nos entregamos ao engano de um mundo caído? Quanto vale o sustento de certas certezas que não permitem que nos movamos?! Há quanto tempo parados nos encontramos sem ir em direção ao máximo, almejando ultrapassar o limite? Quanta areia nós observamos cair na ampulheta? Quanto tempo permitimos escorrer entre os dedos? Quanto em nós deixamos de ceder, de fazer, de ser? A mudança é infinita, mas dura apenas um ato. Uma escolha: Agir. Entregar-se a essência da vida. Sem medo. Sem dúvida. Sem saber. Sem mais.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O que resta para RECOMEÇAR


Restam apenas 30 dias até que a alegria seja extrema outra vez. É isso que se espera toda vez que o fim do ciclo anual se aproxima. Algo que nos reconstrua, que faça nova cada ruína que os mais 300 dias deixaram em nós ao passarem. Só mais 30 dias até que os sorrisos sejam leves novamente, sem o peso do cansaço que reprime o vigor. Vigor que outrora caía dos céus em faíscas coloridas por todo mundo. Réveillon. Ano Novo. Recomeço. Época das festas… Como se esquecer do que parece ter sido mês passado?! As ligações, as viagens, os trabalhos, as oportunidades, as vidas que se salvaram, as que se perderam. Mas isso volta, quase sempre, pra quase todos. Só mais 30 dias até lá. Mais 30 sorrisos. 30 orações. 30 bons dias. 30 oportunidades de se querer bem, o bom, o outro, o vivo, o novo. Então, na tão esperada hora da virada, segure firme e não deixe escapar de maneira alguma: O desejo do melhor, a consciência da graça, as luzes no céu que farão seus olhos brilharem, o encanto de tudo que poderá te renovar por inteiro.

Amor e Movimento

 O amor é um movimento. Ele não para, não se acomoda ou se acostuma. O amor é essência escondida. Ele se move dentro de alguns, mas não tem movido o mundo. Então, qual é o seu movimento? De abraço ou de repreensão? De sorriso ou de amargura? O que te move e te faz completo? Será o amor? Pois quando é, ele não se estabelece em apenas um lugar, em apenas um coração. Ele se espalha, move o mundo a volta de quem o acolhe. Se você ama, movimente-se. Não se quiete, nem se acomode. Mova o mundo com a essência que transforma!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Mudança de Sentidos (OMDMV)

Mova as peças de lugar. As sequencias da vida mudam constantemente, e sempre chega a hora em que é necessário repor algumas coisas e substituir outras.

Em realidade, somos mais do que conhecemos de nós mesmos, e muito mais do que uma simples imagem que os outros formam sem razão. O que as pessoas acham de nós não define nosso caráter, sabendo a realidade óbvia de que entre capas e máscaras, só o espelho pode refletir o real e não o que parece ser. Tudo o que vêem, não passa de simples gestos traçados por vários pontos de vista.

As pessoas julgam sem nos conhecer, e talvez isso mude algo em nós. Mas o que nos molda, de fato, são os confrontos com quem amamos. Quando começamos a nos tornar fugitivos do que realmente somos, devemos parar e pensar com sabedoria: Faz sentido se tornar outro, como parte de alguém que não te dá certeza de nada? Faz sentido encarar os fatos e derrubá-los como se fosse algo desprezível? A dúvida é traidora. E a certeza, por mais que pareça, não é passageira. Estar certo é ter um curativo para todas as dúvidas que sempre chegam.

É tempo de parar e olhar para dentro de você. Pense em você. Esqueça os outros por um instante, e reflita se é edificante o caminho por onde as situações têm te levado. Tristezas, mágoas, ilusões, decepções... Tudo isso nos sufoca, pois não há luz alguma. Sua vida é você quem faz, guiada por escolhas e seus efeitos. Escolha reverter. Escolha mudar. Seja corajoso, não egoísta. Mova as peças de lugar!

Texto de 2008, retirado do livro Os Melhores Dias da Minha Vida

sábado, 14 de setembro de 2013

Esperança

Que o amor o qual guerreia internamente supere cada campo escuro por onde eu passe.

Que a luz da sabedoria divina apague cada maldade ao meu redor.

Que o molde de barro do qual fui feito seja desfeito, e refeito, predisposto a ser perfeito.

Que seja a escolha mais importante, me render ao melhor que posso ser, e perceber o que não dá pra ver.


Que a vitória dada por esperança se torne sublime, dia após dia, onde alcance infinitude e permaneça sobre toda razão inconsciente.


E que a identidade criada em mim não seja um pretexto, mas o motivo de ser atraído pela luz. Longe de mim um olhar altivo, mas o humilde de uma criança que olha para o Amor Maior...




quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Garoa


 Dias que amanhecem nublados mostram que o sol veio parar em mim, a iluminar tudo o que eu sinto de mais escuro, a tornar cada canto em meu interior mais vivo. Nuvens cinzas se formam sobre o que sinto, e revelam as cinzas do que há muito se queimou por dentro. O que é para ser descartado ao lixo não pode ser guardado em um vaso bonito. Não no coração. Não na mente. Ou onde quer que a sagaz consciência queira esconder, permanente. Evidências cobrem todo o corpo em suor, como o orvalho antes que amanheça, a fim de que permaneça apenas o que é agradável de quem já existiu aqui um dia. E que tudo fique claro assim que a nuvem se for, que depois do frescor a luz produza calor, intenso, vívido, a curar aquela velha dor. E que não morra aquela ideia de que a vida às vezes escurece, por necessidade, por bondade da luz que sempre estará lá fora, acima das nuvens. E o mais importante de tudo é que se deixe essa luz entrar.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O começo de algo incrível

 A garota tem um coração invisível, que está ferido, perdido, e não consegue perceber o caminho que a levará mais longe bem a sua frente. Caminho guiado pelo garoto, até então dono de um coração cheio de orgulho, mas agora disposto a lutar o necessário para fazê-la sentir e descobrir o que, provavelmente, ela nunca tenha sentido. Para ela nunca foi fácil acreditar nas palavras, num abraço ou em um beijo carinhoso...



- Não se pode pegar o coração de alguém, sem ter a mínima ideia de como vai segurá-lo, cuidar dele, fazê-lo feliz. Como eu vou confiar no amor?

- Você só pode amar se estiver de olhos bem fechados, pois para entregar o coração a alguém, você deve parti-lo... Quem confia sabe que o outro pode ferir sem querer, mas que é exatamente o responsável pela ferida, o único que poderá curá-la.

Confusa, ela diz: - É difícil, muito difícil para mim. Ainda não sei se estou pronta...

E ele disposto a ACREDITAR, responde: - Tudo bem, eu entendo. Só quero que saiba que, quando perceber que existem coisas permanentes na vida, eu ainda estarei aqui, segurando a sua mão. Sei que, às vezes, dá um pouco de medo e receio por não saber o que vem pela frente a partir de uma decisão, mas eu descobri que o amor vale qualquer risco e qualquer dor. A partir de então, decidi ferir o meu orgulho, limpar toda dor que nele havia, cobri-lo de amor, e entregá-lo a quem viria...

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Pequenos Milagres

Todas as noites eu penso no milagre que me ocorreu durante o dia. Na verdade não é apenas uma vez que sorrimos abaixo do sol, ou que optamos por seguir um caminho certo, ou que sentimos algo responsável por nos manter vivos. A vida por si só já é o milagre, e nós nos esquecemos disso.

Mesmo quando não sabemos por onde estamos passando. Mesmo quando o beco no qual nos perdemos é escuro. Mesmo quando os sorrisos são falsos. Apesar de qualquer coisa que se oponha à verdade, a vida permanece incontestável dentro de nós. É por isso que estamos certos ao crer que os milagres acontecem todos os dias.

Porque nós realmente nunca sabemos em qual esquina encontraremos o próximo motivo que nos fará sorrir, o próximo abraço exagerado, ou o próximo milagre mais complicado. Mas se há fôlego, lágrima, força, amor e fé... Se existe apenas um desses, então existe um milagre.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Para Sempre

 As pessoas dizem ‘para sempre’ em um dia, mas em outro dizem ‘adeus’. Ou não. Pode ser que não se despeçam. Simplesmente vão sendo levadas pela vida, para o seu canto, seu mundo, outras pessoas. Da mesma forma, eu me vou de vidas que amei, aprendendo que a vida não é sobre o que acontece, mas sobre o que permanece de cada momento. Talvez eu tenha esperado tempo demais para aprender essa grande lição, mas sou grato a cada um daqueles que já não vejo mais, por terem me proporcionado o prazer de viver momentos incríveis que produziram sentimentos eternos de gratidão, de esperança, de lembrança dos acertos difíceis e dos erros felizes, os quais fizeram amadurecer minhas emoções e razões atuais. O ‘para sempre’ pode ser ilusão. Por isso é necessário deixar de lado a necessidade de ouvir e dizer que é para sempre. O importante mesmo é amar, dar valor, viver se lembrando da possibilidade de que o amanhã não exista. O ‘para sempre’ real que temos é hoje. Agora. Dentro do peito, do sorriso, e dos olhos repletos da própria essência que tem buscado.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Desejo e Verdade

 O homem que sonha e não se move para a realização, que promete e não cumpre, que aconselha e não se faz exemplo, é um homem de mentiras feito de tristeza e solidão. Tal homem não sabe existir fora de si. Ele é como um pássaro que não se permite voar, feito árvore sem frutos, como foto incapaz de substituir a paisagem. Se esse homem não encontra o remédio ou a si mesmo em suas obscuridades, um dia ele perceberá o que perdeu em vida e, sendo tarde demais para valorizar, certamente morrerá. Mas se ele for capaz de se amar, buscar a cura no seu quarto mais escuro e depois libertá-la para iluminada fé, então ele encontrará o que precisa. Ele conhecerá as mais altas e belas montanhas, poderá colher e compartilhar os melhores frutos, será parte de paisagens humanas internamente escondidas. O homem que deseja, que se move, que tem verdade e a ousadia de liderar, sabe que o começo da permissão é sempre nele mesmo. Nos sons de seus lábios, nas janelas dos seus olhos, nas ferramentas de suas mãos. E toda vez que quiser acreditar, renascerá mais autêntico, na luz que mantém o sorriso encontrado lá dentro.

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Somos tão jovens

Uma prévia de OMDMV




 Nós somos tão jovens. Somos tão vivos. Somos o que pensamos, ou nos equivocamos enquanto conhecemos tão pouco. Somos tão fortes e tão frágeis, tão infinitos e tão breves. Somos o que sonhamos do futuro, e o que fazemos no presente acontecer. O que esquecemos do passado, e o que ele nos fez aprender. Somos o crescer, o errar, o tropeçar, o arrepender. Embora não possamos, desejamos ser domínio. Dominar o tempo, os sentimentos, as consequências do que nos permitimos... Mas somos realmente o que devemos ser, quando desejamos a vida. Quando somos o amor de segundos intensos, a luz de momentos escuros, a esperança de dias melhores em cada abrir dos nossos olhos.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

SMS


 Era tarde de domingo, o cansaço predominava meu corpo e minha mente. Eu não fazia ideia da surpresa, maior de todas nos últimos anos, que chegaria até mim depois de longa caminhada carregando dúvidas pesadas e amargos remorsos. Meu celular vibrou, e desse motivo eu jamais me esquecerei, o qual permitiu que meu coração pudesse também vibrar novamente. Uma mensagem de texto chegou como se sua intenção fosse me renovar por inteiro, e me fazer lembrar as razões as quais eu esperava por tanto tempo encontrar. Ouvi a voz da garota que tem se tornado especial, dizendo pela mensagem tudo o que eu gostaria de ouvir, embora não estivesse procurando: ‘De longe estou com você. Espero pelo cara que você quer se tornar para mim. ’

 Minha reação não ocorreu do lado de fora, apesar dos olhos fixados na tela do celular, mas em meu coração foi como se eu tivesse encontrado uma pequena fonte de água em um deserto onde eu nem fazia idéia que me encontrava. Aquelas palavras me fizeram dar conta do frio que eu sentia a noite, bem como o calor que me sufocava durante os dias. Era como se eu estivesse com um joelho ralado por muito tempo, após me machucar com uma atitude impensada, e ela viesse com um curativo antes que eu percebesse a ferida que havia em mim.

  Eu fiquei paralisado por alguns minutos, sem pensar nada, só sentindo meu coração bater como não batia há muito. Culpava-me por não ter percebido antes aquela companhia, aquele sorriso, e tudo o que ela me proporcionava ainda que eu não desse o valor merecido. Então, resolvi responder. Mas eu simplesmente não conseguia, embora quisesse, dizer mais que ‘obrigado’. Pensei mais um pouco, e vi que eram necessárias mais palavras, pois há momentos em que jogamos palavras fora por não acreditarmos no potencial que elas podem ter ao alcançarem seu destino, e eu não queria desperdiçar as que me vinham à mente naquele instante: ‘Acabamos de nos ver nessa manhã. Por que não me disse o que sempre quis pessoalmente? Hoje talvez, ou desde que começou a sentir o inesperado?’

  Então, depois de cinco minutos eternos, a resposta veio como uma bala de borracha em meu coração, pois por mais que doesse, sabia que ela não teve a intenção de me machucar, mas de me abrir os olhos dos sentimentos e da razão: ‘Eu já tentei dizer, mas sempre senti como se você fugisse de mim, ou me afastasse de você, mesmo que sutilmente. Você sempre me pareceu não ter olhos para me ver como alguém que te ama, ou que te merece, eu não sei. E embora eu me apaixone cada dia mais por quem você tem escolhido se tornar, meu respeito pelos seus sentimentos é maior. É algo que nunca senti antes por alguém além de mim mesma, mas é justamente como vou aprendendo a lidar que sobrevivo. Sentir a dor das minhas feridas por estar longe não é tão árduo quanto ver o seu semblante triste que revela um coração perdido e frustrado. Eu sempre acreditei que a maior característica de alguém que ama pra valer é saber esperar que o coração perdido do outro encontre um caminho até a pessoa mais digna de tê-lo. Eu amo você há algum tempo. Eu respeito você desde que nos conhecemos. Eu tenho esperado por você pelo tempo que for preciso... ’

 Eu não tinha nada a dizer diante daquilo, mas tinha muito a fazer. Levantei-me de onde me achava confortável, peguei a chave do carro e resolvi surpreendê-la. Não tinha certeza do que estava fazendo, mas anos se passaram sem que eu cometesse uma loucura com risco de me arrepender. Eu precisava daquilo. A caminho da casa dela eu pensava no que ainda não existia, e que de certa forma passei a desejar com fervor havia minutos antes. Fiquei com saudade de momentos que já sonhei um dia. Passei a ter vontade de sentir a certeza novamente. Foi o momento sozinho mais incrível que já havia vivido, pois dessa vez a diferença com outros momentos parecidos era que eu ainda não tinha certeza de nada. Nada além de uma sensação de liberdade, de complemento, de sentir-me vivo novamente. E sem mais nem menos, como se Deus quisesse me alegrar ainda mais com surpresas que só Ele dá, uma chuva calma e apaixonante começou a cair. Eu já estava chegando a casa dela, rindo tanto de nervosismo como por lembrar que o meu desejo um dia houvera sido que a chuva caísse exatamente daquela forma, pra que eu pudesse beijar a garota que eu amava, demonstrando algo além da superfície, mais além da paixão.


 Minutos depois estava eu em seu portão esperando ela abri-lo. Ela ficou surpresa, como eu esperava, com a mensagem pedindo para me atender ali em baixo. E quando ela abriu o portão de sua casa, lá estava eu, encharcado, com o sorriso mais sincero que ela já vira em mim. Então ela, sorrindo também, inevitavelmente perguntou: ‘Por que você veio até aqui? Por que está com essa cara de bobo e esse sorriso?’ Sem pensar muito, respondi: ‘Por que eu consegui enxergar que você vale a pena, mesmo sem ter procurado por alguém como você. E estou sorrindo porque é natural alguém olhar-se no espelho e ver os melhores motivos refletidos a sua frente. Eu não vou ser tão tolo a ponto de dizer tão certamente que você é a garota por quem eu procurava que é pra sempre, que eu amo você, ou outros clichês. Mas há coisas que eu posso afirmar: Você me fez sentir o que eu não sinto há anos. Você me fez enxergar que, não importa quanto tempo procuramos por curar nosso coração, um dia encontramos a cura e a liberdade dele em quem menos esperamos. E eu posso não estar bem certo, mas talvez seja mesmo você. Eu quero que seja você. Quero acreditar no talvez como sendo verdade, afinal, somos nós que escolhemos as nossas verdades para amar e nos acompanhar... Por fim, quero que você saiba que, mesmo errando, eu quero correr o risco com você. Pelo menos eu terei você para contemplar, e você terá o meu sorriso de volta. ‘ Ela deixou algumas lágrimas se misturarem com o seu lindo sorriso. Abraçou-me de uma forma que me fez acreditar que guardava aquele abraço só para mim. Então eu a beijei, sem me arrepender, pois eu guardava o meu melhor para a nova certeza que esperava encontrar...


terça-feira, 7 de maio de 2013

Horizonte Infinito



Se eu puder acreditar… O horizonte é infinito. As possibilidades são tamanhas que não posso vislumbrar. Além da linha que vejo, moram os sonhos que almejo, realizações de pequenos desejos. Além do imaginário eu posso chegar, se eu insistir em remar, se eu sofrer sem parar.

Eu só preciso acreditar… Que o mar vai se acalmar, que as ondas vão me levar, e que eu não vou me afogar. Sei que existem realidades que se sonha, bem como realidades que se vive. Algumas onde me sufoco, outras onde posso respirar, ou voar, ou simplesmente me encontrar. Sou o que sonho. Vivo o que acredito. Acredito no invisível que meu coração, tão sensível, consegue enxergar. Mesmo que eu só consiga avistar a linha, o horizonte, o nada, sei que mais além há o tudo, a forma, o encontro de areia e mar.

Eu só quero acreditar… Ainda que eu me enfraqueça, e a minha fé adormeça, posso ver o sol se pôr, e há de ser em algum lugar. Enquanto a lua chega, com o poder de me acalmar, eu me lembro desde quando, me tornei sobrevivente no mar. Parece não haver motivos, para crer que vou chegar, no lugar em que eu anseio, preciso e sonho estar.

Mas eu só sei acreditar… Mesmo quando eu precisei mergulhar, com todo risco de me afogar, senti algo em meus pés, o firmamento de areia ao invés. Conseguia pisar no finito, eu havia chegado ao infinito. Ainda algo abstrato, novo como um retrato, do paraíso que sonhei, nas ilusões mais verdadeiras que já criei.

Eu quase não podia acreditar… Que agora eu estava lá, que a verdade me fez mergulhar, me tirou o ar para que eu aprendesse a respirar. Mas ainda bem que agora é tarde para não crer, em tudo o que a fé pode fazer. Ontem eu era um sobrevivente. E por acreditar, hoje sou um ser vivente, da fé de tudo o que cria a minha mente, de qualquer possibilidade que o meu coração sente.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Não se apague...


‎ Não deixe que o amor frio tome conta de sua vida. Não permita que a escuridão apague sua luz aos poucos. A luz da auto-suficiência nunca será o bastante, e sempre será preciso recorrer a alguém, sobretudo a Deus. Andamos no vale das sombras todos os dias, constantemente lidamos com a amargura do ser, e isso será comum até que brilhe sobre toda a escuridão a mais intensa luz jamais vista. Mas até lá, não se deixe dominar pela frieza, ou que sua chama seja esquecida. A luz geralmente tem se apagado de dentro para fora, e todos os dias alguém escolhe se dividir, se enganar, escurecer. Mas é importante saber que, não importa o quão sombrio seja o lado de fora, a luz interior pode ser mais forte e mais brilhante. Basta recorrer. Basta amar. Basta ser luz e não apenas possuí-la. Não desista. Não se engane. Não se apague, aos poucos, para sempre...

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Kyle Hanagami - Give Me Love

'What would you do for love?'


'Lidamos com pessoas feridas, perdidas, vazias, em todo momento. Pessoas que só querem ser ouvidas, ou sentir um abraço, ou a certeza de que alguém estará ali por ela. E o que nós fazemos? Estamos atentos a isso? Estamos dispostos a fazer o que for preciso por amor?

O amor é dor. É doar o que nos é difícil. Doar, às vezes, o que ainda não recebemos. Não a quem julgamos merecedor, mas para afirmar que todos merecem o verdadeiro amor.'

#IroniasDoDestino

 A lua certa vez trouxe felicidade. O sol um dia brilhou mais forte. De repente, entre o dia e a noite, os dois seres se encontraram. Rivalidade pode não existir, mas a maturidade sempre estará em jogo. O por quê das coisas muitas vezes não saberemos, mas a vida em sua maioria não é para ser entendida. A vida, muitas vezes, é sobre coisas a serem relevadas e esquecidas... Vamos continuar levando, vivendo, e observando.

Verdade ou Consequência

 A mentira nunca foi brincadeira. Na verdade, ela sempre foi uma fuga para os covardes que se passam por corajosos, um atalho de corrupção para os inconsequentes. Porém, se tratando da verdade, seu jogo não é para qualquer um. Ou você se arrisca, assume suas fraquezas e mostra quem você realmente é, ou se desconstrói pouco a pouco. Porque a vida é verdade desde o princípio de tudo. E se alguém se volta para a ilusão, escolhe se corromper no oculto que estranhamente lhe agrada, mas se opta por viver em verdade, estará aguardando pela luz que um dia o tornará completo. Acredite que a verdade, muitas vezes, pode doer, mas a mentira é que anestesia até a morte. Deus é a única verdade existente. Ou você vive nele pra valer, ou as consequências te encontrarão em breve.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Transformai

Ultimamente venho me perdendo em pensamentos sobre o contraste que há entre a humanidade e cada indivíduo que passa pela minha vida. Tenho me questionado sobre a vida ser, de fato, apenas nascer, crescer, existir e morrer... Que coisa banal é essa que aprendemos na triste verdade automática do mundo pós-moderno?! Por que é que o ego tem sido tão exaltado em meio à sociedade mascarada de solidariedade? O que falta no mundo será realmente o amor? Acho que não. Talvez o que falte no mundo não seja o amor em si, mas a atitude corajosa de mostrar, e demonstrar, o amor que está na essência de todo homem, de se comprometer com o próximo. Pois a minha fé em Deus me permite acreditar que o ser humano foi criado para ser amor humano. Com suas falhas, mas fruto de arrependimento. Com suas rachaduras, mas sólido e sustentável. Com suas cicatrizes, mas fonte de cura.

Acho que hoje em dia as pessoas vivem esperando demais receber exatamente aquilo que precisam oferecer, com urgência, acomodadas na necessidade egoísta de uma boa vida... É necessário semear mais. Ser o semeador do ser amor. Não pensar no que vou colher para o meu bem, mas pensar no bem que posso frutificar em mim e, então, espalhar as sementes. Semear coisas simples, pequenas, aparentemente inúteis, que frutificarão grandes e impactantes transformações.

Deixe-me perguntar algo: Será que há algum problema em fazer escolhas que já foram banalizadas através do tempo? Existe alguma vergonha em agir de acordo com tudo o que o amor exige? Pois é esse tipo de atitude que tem se esfriado na gélida estupidez contemporânea. E a vergonha para mim, está em se igualar com a frieza existente do lado de fora. Então, se você diz que deseja mudar o mundo, por que não começar se abstendo de toda desculpa na falta de atitude do outro? Por que não partir da crença de que há muito mais de Deus para ser visto em você? Quer algo mais honroso e digno no mundo de hoje, do que ser aquele que faz a diferença, ofuscando o falso brilho dos que apenas falam dela?

Vivem dizendo por aí que aquele que semeia sorrisos, colherá abraços. Mas cadê os sorrisos, ainda que sofridos, altruístas? Deveríamos calar as nossas opiniões que só corroem o mundo, e estender as mãos àquele de quem discordamos, ou aceitar conforme a necessidade. Creio eu que, matando o orgulho, nascerá a verdadeira revolução. Plante ações e não palavras. Pois as palavras podem ser vazias, mas as ações transparecem tudo o que são ou o que poderiam ser. Já parou pra pensar que a falta existente na pessoa ao seu lado pode ser preenchida pela sua generosidade? Reflita, então acredite. Se a humanidade caminha de forma tão cética em pleno século 21, talvez seja porque eu ou você ainda não fizemos o suficiente, para levá-los a acreditar que a paz e o amor existem, assim como a fé e a esperança que os mantêm vivos.

‘Não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente... ’ Romanos 12.2

segunda-feira, 4 de março de 2013

1 de Março, 2013

 Já havia muito tempo que o tempo estava quente. Quente e seco. Enquanto eu reaprendia a respirar, sem sufocar, lutava contra a vontade de reclamar, insatisfeito. Não gostava do clima, do excesso de calor, da falta de umidade. Orei por longos meses. Meses que foram anos. Confesso que várias vezes me cansei, parei, pensei em desistir, mas algo em mim apontava para a esperança pelo que eu acreditava. Eu não apenas queria. Eu precisava. Tudo em mim clamava por água. Meu corpo ansiava por dançar na chuva, encharcar a roupa, regar a pele.

 As nuvens vinham, pingavam sua dose e se dissipavam. Desapareciam logo quando eu começava a amar os dias nublados. Mas eu precisava do permanente, da certeza de que minha sede seria suprida constantemente. Continuei acreditando, esperando, honrando a minha fé no que outrora eu já havia sentido. Então, repentinamente, depois de verões e invernos que não apontavam para nenhuma direção, após nuvens carregadas daquilo que parecia passageiro, o carnaval passou. A dor da alegria plastificada em máscaras se foi. O suor secou. O meu corpo logo se molharia de água do céu.

 A chuva caiu com vontade. Chegou repentina e me lavou a alma. Águas de março que me regaram os olhos, e nelas percebo certa intenção de plantarem em mim sentimentos dos quais eu nem me lembrava como soavam aqui dentro. As novas águas molham o campo de terra árida, quase desacreditada, dada como fértil. E o mais bonito, garota, é que toda essa história é linguagem figurada. Você é a tempestade e eu o copo d'água. Você é a chama e eu a fogueira. Você é o anel e eu o dedo anelar. Finalmente, as águas dessa chuva é você, e a terra não mais árida o meu coração. O amor pode estar nascendo, você consegue ver uma flor se abrindo?

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

#FirmandoOsPassos

 O sonhador paga o preço por sonhar. Ele não quer deixar de acreditar nele mesmo, nas pessoas, nos propósitos de Deus. Alguns amigos vão se afastando, outros vão se conhecendo. Sentimentos novos e agradáveis têm surgido. Dois meses de muita novidade já se passaram. Casais feitos e desfeitos, decisões tomadas às pressas e outras bem pensadas, consequências sendo colhidas e outras sendo plantadas... Muitos estão pisando em ovos, dando passos no escuro. Poucos estão firmando os pés em algo sólido, confiando verdadeiramente na fé. O que ninguém pode negar é que a escolha está sempre disponível, e a jornada sempre continua.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Lobo e a Lua (o canto e o brilho)


 O amor começou. Desconhecido. Bonito. Como o primeiro passo dado. Tornou-os conhecidos e amigos. Melhores amigos. Marcou encontros e permitiu a esperança pairar na floresta. Todas as noites eram especiais, e nenhum amanhecer era comum. O lobo uivava chamando o brilho da noite que ele amava. A lua surgia banhando a sua solidão em prata. Os dois trocavam olhares, harmonizavam sentimentos generosos e sentiam-se próximos através do mar. Era onde o lobo aguardava, e de onde a lua surgia todas as noites. Quanto mais brilhante, mais alto o uivo. Quanto maior, mais crescia a esperança de tocá-la um dia.



 Havia noites em que a lua não aparecia, e nesses momentos escuros a dúvida sobre o amor surgia. Eram horas de solidão, onde só o amor doído se sentia. Mas a novidade que ele nunca experimentou estava ali. Tudo o que o fazia cantar por longas noites, tudo o que o fazia esperar por longos dias. Era a primeira vez que se sentia tão vivo daquela forma, que uivava tão bravamente para mostrar o melhor que podia, e que acreditava em algo impossível como se fosse apenas questão permissível da natureza. Por isso a dúvida não o impediria de querer ser o melhor, não para os outros, mas para aquela que o olhava de forma diferente, que o banhava de uma prata paixão.

 Ouviu um dia boatos na floresta. Outro lobo havia conquistado o brilho da noite, do outro lado do oceano. Não podia acreditar, também não podia duvidar. Todos gostariam de ser parte da intensa luz que aquela única lua refletia. Sim, ela era única, mas parece ter se tornado igual. Não igual a outras luas inexistentes, mas igual a outros astros. Mesmo assim ele insistiu, e além de perceber a verdade dos fatos no seu brilho certa noite, ele perdoou. Foi graças a ele que naquela noite de um seco outono choveu. A lua chorou, e se deu conta de que nenhum outro lobo, ou qualquer outro animal, poderia fazê-la brilhar de forma tão autêntica e intensa.

 Diante do perdão e encanto que pode haver nesse tipo de atitude, a Lua fez uma promessa. Nada ou ninguém poderia motivá-la a trazer mais vida e brilho a todas as noites do mundo. Ela contaria as horas de onde estava para que fosse noite onde ele estava. Eles se encontrariam para sempre e, caso a natureza permitisse, um dia o lobo poderia habitar seu espaço, e fazer parte da sua luz de vez.

 Por longo tempo permaneceram assim. Foram cúmplices do que na noite ocorria. Ela sempre ouvia sobre o que no dia acontecia. Amavam-se, contemplavam-se à distância, perseverantes de um amor imenso como o mar que os separava. Então um dia o inverno tomou conta de tudo. O lobo se cansou por algum motivo, e parou de dar o seu melhor a quem merecia quando escureceu. A lua deixou a sua grandeza e brilho de lado, ofuscou-se. Até hoje não entendem a razão. Talvez a natureza quisesse assim. Mas um pouco daquele motivo de esperança ainda existia dentro dele, embora tentasse reconquistá-la, por anos a fio, em vão. Queria ser o motivo do melhor brilho que pudesse da única que amara até então. Lógica, ou ilogicamente, não obtivera sucesso...

 Em determinado nível de solidão o lobo percebeu que talvez ela houvesse encontrado outro melhor do que ele, ou simplesmente esquecido de sua existência. Não estava certo sobre isso, mas o que ele podia afirmar no seu canto de lamento pelas noites, a partir dessas hipóteses, é que o brilho dela havia mudado junto aos seus valores e motivos para iluminar as noites. Ele se desprendeu. Percebeu que havia tantos outros seres dispostos a conhecer o seu melhor. Sempre se lembraria dela, mas a lua não seria mais o seu motivo de uivar e bradar. O lobo e a lua se conheceriam melhor que qualquer astro ou ser vivo, para sempre. Por isso ele sabia que ela buscava nova cores e motivos para refletir e brilhar, por um tempo desconhecido senão pela natureza. E quanto a tudo o que sentiram um pelo outro, ninguém naquela floresta, ou em qualquer outro lugar, poderia ser capaz de dizer que não foi verdadeiro... Pois a teoria de uma antiga lenda sempre sustentará a veracidade da história.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Desequilibre-se

 Chega de ser da noite e ser do dia. Chega de ser do frio e do calor, da maldade e da bondade. Chega de ser entregue à mediocridade. Chega! Existe um ponto de equilíbrio como o eixo que planta os pés do homem, mas não se pode estar na corda bamba e esperar pela própria queda. Equilibrar-se na auto-suficiência já é decidir-se cair. É preciso sair do equilíbrio. Necessário optar por algum extremo. A escolha é direito comum e define o caráter, segue uma direção, separa os pólos da mente, do corpo, do coração. Ninguém deseja desmoronar-se em frustração. Não se opõe à direção que lhe tira do quase caído enquanto ainda tem vez. Ou a luz está acesa ou está apagada. A comida está fria ou quente, doce ou salgada. Ou o ser é anjo ou é demônio. Ou o homem é bom ou é mau. E se tenta se equilibrar já se perdeu na vida morna, para o qual não foi criado. Ou é um novo homem a cada dia, ou se desgasta na mesquinharia. A escolha deve ser feita em tempo oportuno. Esse tempo que é agora mesmo. O caráter só é revelado quando se decide ser alguém. É preciso escolher entre o antigo e o novo homem. Decidir-se renovar ou se perder. Saia da corda bamba. Desça do muro. Seja quem nasceu para ser. Escolha um lado qualquer e lide com as conseqüências, mas chega de se equilibrar e ser a platéia do próprio declínio!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Perseguindo a Névoa


 A pior sensação que existe é a de acordar de um pesadelo, desesperado, como se aquilo tivesse sido real. E duas noites atrás foi o que aconteceu comigo, porém de forma ainda mais tátil e assustadora. Do pesadelo tudo apagou. Acordei suando frio, mas o dia ainda não havia clareado. Na verdade ainda estava muito escuro. Quando me assentei na cama, percebi que não estava nela, mas sim em uma rua de pedras. ‘Será ainda um sonho?’ Pensei. Mas era tudo real demais para eu não estar acordado. O tudo era nada. Só era possível ver uma névoa acinzentada em meio à grande sombra que dominava aquele lugar. Tentei me deitar para voltar a dormir, dando um jeito de fugir daquela situação incomum, mas seria impossível com todas aquelas pedras desajustadas. Além do mais, se aquilo era mesmo um sonho, talvez fosse para me trazer mais profundamente à realidade do que aquela em que eu vivia. Constatei o que havia imaginado quando ouvi uma voz dizendo algo a mim, o que me fez ter a sensação mais estranha que já tive em toda a minha vida. Certo medo brotou dentro de mim e me conscientizou de que aquele lugar, aquela voz e os sentimentos que me provocavam eram mais que a realidade da forma que eu a conhecia. Tudo aquilo era, sem dúvida, a própria e genuína verdade. A estranha e pacífica voz disse, sussurrando: ‘Você precisa estar sozinho agora, mas independente do medo comum, não pare de caminhar em direção ao que você mais deseja. Você terá um momento para viver a realidade da forma como ela realmente é.

 O que comecei a sentir era mais temor do que medo. A vontade de permanecer ali era maior que qualquer impulso a fugir daquela voz, mesmo que me fizesse estremecer. Aquela escuridão era de fazer qualquer um chorar de medo, mas eu ainda não havia chegado a esse ponto, justamente porque pude sentir a presença que aquela voz possuía, poderosa o bastante para preencher qualquer vazio em que o medo pudesse entrar. Então perguntei de meio assustado: ‘Quem é você? Onde estou? O que estou fazendo aqui, e por que tenho essa leve sensação de solidão? ‘ A voz respondeu, fazendo-me sentir ainda menor e mais solitário, como alguém que não conhece nada sobre si mesmo: ‘ Eu sou alguém único, conhecido por você em parte e de forma humanamente limitada. Você está aqui porque suas escolhas o trouxeram até aqui. Essa é a realidade que você precisa conhecer. E você tem se sentido assim, pois é necessário se estar sozinho para conhecer as próprias necessidades, limites e objetivos, até que consiga firmar-se neles sem perder o foco.

 Assim que a voz respondeu minhas perguntas, foi como se ela desaparecesse, apesar de não possuir qualquer matéria que eu tenha visto ou tocado. Tive medo. Senti-me só, de verdade, por completo. Não tive reação além de refletir por alguns segundos, o que havia ouvido. Era muito para se pensar. Mas eu nem havia começado a refletir e, surpreendentemente, uma grande parede de concreto começou a desabar de um lado e de outro. Foi só então que percebi aquelas enormes paredes ali. O medo aumentou, impulsionando-me a levantar, e me pus a correr como nunca. A presença da voz ia e vinha. Ela dizia coisas do tipo ‘ Não pare. ‘‘ Não desista. ‘‘Você consegue resistir. ‘... E eu não parava de correr, enquanto barreiras apareciam a minha frente e grandes muros caíam atrás de mim. Foi então que eu percebi que eu podia enxergar no escuro. É muito fácil ver de olhos abertos, mas é na escuridão que aprendemos a enxergar. Deparei-me com um enorme precipício, e a névoa que me acompanhava desde o início acima de mim, sem eu percebê-la, se fez como ponte para que eu atravessasse aquele lugar horrível. Eu não tinha tempo para pensar o motivo de ela estar ali ou ter feito aquilo por mim. Tive que ir em frente, e acreditar que eu não cairia. Atravessei.

 Parei para respirar, pensar, ou algo que me colocasse no lugar certo. E a presença da voz havia voltado, daquela vez dizendo algo diferente do que eu estava ouvindo desde o início daquela estranha aventura: ‘Você pode sentir como se não tem mais forças, às vezes, mas você sempre será capaz, se acreditar no que eu estou lhe dizendo! Creia você ou não, você está correndo de desabamentos há dias. Aprendeu a dar passos no escuro, justamente porque tem dado atenção a cada palavra que digo e guardado em seu coração. Não deixe isso morrer! A partir de agora você tem um longo caminho de destruição à frente. Terá muitas barreiras, enormes, para derrubar e ir contra. Mantenha o foco na luz à frente!’ E assim que a voz mencionou a palavra luz, ela apareceu como mágica do tamanho de um vaga–lume, bem longe de onde eu me encontrava. Aquela presença que me fortalecia de uma maneira que eu nunca havia experimentado, continuou: ‘A luz que você vê é o que te motivará a continuar e acreditar que pode chegar até ela. O que brilha lá na frente é os seus maiores sonhos juntos ao seu propósito de vida. Não desvie o seu olhar em momento algum. E não desanime diante de qualquer barreira, independente do tamanho dela. Você vai sim sentir dores ou cansaço, mas qualquer impedimento é banal para aqueles que são feitos de fé. Creia. ‘ Como eu já esperava, ou não, a presença deixou de ser novamente.

 Logo que retomei a corrida, agora com um foco visível, os impedimentos começaram a aparecer. Primeiro foram passagens únicas, onde eu só podia atravessar arrastando. Depois tive que escalar e descer vários morros. Era difícil, não sabia se por motivos de fraqueza ou se por estar sozinho, mas eu mantive o ritmo que podia. Tentava tirar da minha mente todo e qualquer limite que eu conhecia de mim mesmo. Foi algo tão árduo, que eu sinto aquela sensação de desespero e esgotamento até hoje, de verdade. E é como se isso fosse durar para sempre dentro de mim. Por fim, chegando à etapa final de tudo aquilo, parei para ver com mais clareza o que havia na luz que eu perseguia. Observei, e me lembrei de coisas das quais havia desistido em minha vida. Sem que eu esperasse mais uma vez, algo surpreendente e fisicamente impossível aconteceu. Pequenos brilhos começaram a sair da luz e virem a mim, tão rápido que eu não podia acompanhá-los. Milhões deles grudaram em mim e me fizeram sentir como se algo ardesse interna e externamente, mas não me machucava. Lembrei-me que eu estava me tornando de fé, como a voz havia me dito. Então, impedindo meus pensamentos surpresos, grandes blocos de pedra começaram a vir em minha direção. Eles apareciam do nada, e eu podia ir de frente com todos eles, não importava o tamanho ou a consistência. Eu conseguia destruí-los sem que fosse necessário muito esforço, apenas crendo em tudo o que ouvi outrora. Talvez eu tenha trilhado essa parte por dias ou semanas... Houve momentos em que fui derrubado, que me machuquei, que as luzes em mim se apagaram por um tempo, mas eu mantive o meu foco na luz que se tornava cada vez maior e mais insuportável de olhar. Até que a luz foi me cegando, e os blocos pararam de aparecer. Fechei os meus olhos e caí ao chão. Comecei a chorar naquele momento. Nem tanto de fraqueza, mas por ter tido uma experiência tão densa, concreta e árdua. Senti que a luz perdera sua intensidade, então abri os olhos. A poderosa voz se fez presente novamente, mas daquela vez ela tinha forma. Abstrata, mas tinha. A voz pertencia à névoa, que todo tempo esteve comigo. Ela disse apenas ‘Parabéns, você conseguiu. Mesmo pensando que estava sozinho!’ e eu entendi tudo o que ela queria que eu entendesse, afinal, ela era a presença de todos os momentos. A voz me dizia o que eu devia escolher, ou pensar, e da forma como eu deveria agir. Toda vez que ela entrava em meus ouvidos, penetrava a minha memória com o que podia me dar a esperança que eu necessitava. Completando-a, a névoa foi a minha força, meu escudo, minha proteção. Eu me dei conta de que tudo o que eu acreditava na vida que vivia fora dali era naquela névoa, mesmo sem saber. Mas não cria o bastante até então. Por fim, a névoa me agradeceu por escolher acreditar, e completou: ‘Tudo o que você perseguiu até aqui não foram os seus sonhos, simplesmente. Eu era a luz também. Essa luz faz parte de mim. Muitos fogem da verdade porque se assustam com ela. Deixam o reflexo fazê-los esquecer que podem alcançar a liberdade que precisam no desconhecido... E você, foi um bom guerreiro. Não fugiu de mim. ‘ E assim que ela terminou de dizer tais palavras que me fizeram conhecê-la melhor, toda aquela luz foi sugada para dentro da névoa, e essa passou a habitar em mim. Foi aí que eu acordei assustado e aliviado ao mesmo tempo. Obviamente cansado também, mas pronto a encarar o resto da minha vida de forma diferente. Pois aquele dia, onde o sol já brilhava, seria o início de uma nova realidade para mim. De súbito, ouvi aquela voz já comum, no meu interior: ‘Haverão momentos em que você estará sozinho pra valer. Mas, mesmo que isso te machuque, permaneça forte e mantenha sua fé em chamas em seu interior. ‘ Eu estava pronto, então, para deixar de existir, e viver...

'... Prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.' Fp 3.14

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Inalterado, o Coração


O ser que se tornou não pode ser mentira, que se altera com os ventos e desejos da sua vida. Só o que resta é amargura, se por fugir do ódio o for. Valorize a juventude, não mate sua flor. Se uma faísca de ódio existe, o amor completo não pode ser. Se não fecha os olhos para amar, só recebe quem merecer. Mas se os maus não o merecem, nele não há verdade. E se ama pela metade, não passa de vaidade. E se a vaidade o consome, o ego é exaltado. E se o ego vencer, nada pode ser alterado. E se a mudança não acontece, o meio é contagiado. O sorriso se envelhece, pelo veneno condenado. E se o indivíduo o mesmo bebe, um a um vai se perdendo. Em cegueira foge da vida, pouco a pouco vai morrendo. Por isso escute caro jovem, o conselho de um velho guerreiro. Sua vida pode ser nobre, ou desperdiçada por inteiro. Se do coração se descuidar, o ódio consumirá o amor. Então não sobrará nada... Nada além da dor.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

#EncarandoAsNoites

 No último ano, a garota do coração partido decidiu dispensar o amor, enquanto aquele que não soubera amar a seriedade da própria vida escolheu viver o passageiro, o momentâneo. Quantos de nós têm a consciência de que o amor é muito mais do que um 'kit de primeiros-socorros'? Sim, o sentimento raro é inexplicavelmente maior do que os beijos que duram apenas as intensas noites dos finais de cada semana. Quem sabe a percepção da ferida aberta, após uma noite de prazer, não ensine o óbvio aos carentes e renove a mente dos iludidos... Devemos cuidar da própria vida, e ajudar aqueles que amamos a cuidarem bem de si. Só não podemos esquecer que, no fim de um dia ensolarado ou nublado, a escolha de como vamos encarar a noite é sempre individual.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Dias de Verão em Vitória (Introdução)


 Manhã acinzentada. Nem nublada, nem ensolarada. Apenas um pouco de esperança que tínhamos em fazer a viagem dos nossos sonhos. E aquela seria a oportunidade (pensamos). Maitê, Rafa, Walner e eu sonhávamos com aquelas viagens de filmes, em que um grupo de jovens amigos está junto em um carro conversível ouvindo boas músicas, com o vento batendo forte nos rostos que carregam óculos escuros estilosos, numa estrada em direção à praia de Malibu. Mas a realidade é BEM OPOSTA ao sonho, e a diferença sempre está nos pequenos detalhes importantes: Estávamos juntos, o quarteto (de idiotas e loucos), porém não tínhamos carro (nem um fusca, quanto mais um conversível) e iríamos de trem. Maldito trem. Não usamos óculos escuros e nem sentimos o vento bater no rosto. O que sentimos foi calor e frio, pelos raios solares que entravam pela janela e a alta temperatura do ar condicionado ligado. Além do mais não víamos estrada alguma, apenas mato, serras, e mais mato além do trilho do trem (AQUELES QUE NOS ACONSELHARAM A IR DE TREM POR SER LINDA A VISTA DURANTE A VIAGEM AINDA ACORDARÃO COM A BOCA CHEIA DE FORMIGA)... Mais um detalhe, talvez o mais importante e entediante: Dá-se ao fato de que a trajetória da viagem de carro dura por volta de 7 horas, e nós ficamos entre vagões (como sardinhas) por 13 horas (quase o dobro), quase uma vida! Aliás, fiquei imaginando como eu chegaria ao destino. Morto, em outra vida, ou sem amigos, pois o Walner seria o primeiro a partir por motivos de gordura máxima, a Rafa tão cedo quanto por falta do que o Walner tinha de sobra, e a Maitê de tristeza por sofrer tanto bullying pela forma como saía nas fotos...

 Tudo bem. Sobrevivemos. Quase, pelo menos. Porque o tédio, pra quem não sabe, pode matar, o pó de minério pode nos sufocar e a comida do que chamam de lanchonete do trem pode (sempre) estar envenenada. E nesse caso último eu seria o primeiro a morrer, pois vamos combinar que é difícil encontrar alguém que aceite qualquer tipo de comida como eu. Enfim, ouvimos música individualmente (coisa mais sem graça), cada um em seu celular, tentamos jogar UNO na mesa da lanchonete, mas não era permitido qualquer tipo de jogo ali (disse o garçom). Logo pensamos: Que m***a é essa? Estamos apostando nossas vidas aqui? Como é que funciona isso? Por quê? Fomos então voltar aos nossos lugares, e inventamos um tipo de jogo (Walner inventou). Jogo das palavras... (Eu não acredito nisso) Tente jogar com seus amigos e a única coisa que vai beneficiar o grupo será a facilidade que vocês terão em descobrir quem é o mais idiota. Diga uma palavra, e o restante deve dizer palavras que tenham alguma ligação com a primeira dita. Isso mesmo que você, leitor, está pensando... Que m***a de brincadeira é essa??? Mas não foi você que foi obrigado a ter esse tipo de idéia pela circunstância de estar em um local fechado durante 13h. CLAUSTROFOBIA, QUASE ISSO.

 Enfim, chegamos ao destino. E de repente bateu o medo: ' - QUEM SÃO AS PESSOAS QUE IRÃO NOS HOSPEDAR?' Tudo bem, esqueci de mencionar aqui, mas nós, de BH, não conhecíamos aqueles de Vitória, a não ser pelo falecido ORKUT (que deus o tenha). Não tínhamos visto uns aos outros pessoalmente por mais de algumas poucas horas no congresso em nossa igreja, há um ano e meio antes daquela viagem. O MEDO ERA DE NOS SEQUESTRAREM! Sério, não estou brincando. Confiar no mundo de hoje NÃO TÁ FÁCIL PRA NINGUÉM! Mas éramos mais loucos que medrosos, então ligamos para os nossos conhecidos e hospitaleiros (que medo). Ficamos ali no estacionamento da ferroviária por, mais ou menos, 1 hora comendo um pacote de DORITOS que estava temperado com muito minério. NÓS estávamos temperados de minério. Era tacar água que poderíamos ser considerados fontes de petróleo. Anyway...

 De repente, quando estávamos quase babando de cansaço, eis que surge uma voz através de um MEGA-FONE. Isso mesmo, Júnior e Rafaela chegam gritando por mineiros com um MEGA-FONE! Vamos pegar o trem de volta, e eles nem vão nos ver (pensamos), mas era tarde demais quando aquele mini-homem Júnior me viu e veio em minha direção para dar um abraço. Resolvi ceder, e vingar o mega-fone com bastante minério. Foi uma boa recepção, mas não acabou por aí... Eles nos levaram para a Igreja antes de ir pra casa. PAUSA DRAMÁTICA (...) mais drama (...) e um pouco mais (...) – VELHO, estávamos indo pra Igreja onde todos estariam para receber um quarteto de ZUMBIS! O jeito era fingir que não estávamos sujos, aliás, quem estava sujo mesmo? (Foi assim que agimos). Ficamos esperando o culto acabar, com as malas na porta da igreja. Depois pediram para que o Walner e eu dançássemos uma coreografia do nosso ministério. E pra ser bem sincero, eu achei que partes do meu corpo cairiam naquele momento. Logo depois fomos levados a casa onde fomos MUITO BEM RECEPCIONADOS pela querida Jack, mãe de Amanda e Wilbert.
Precisávamos comer e fomos ao QUINTURAS, quase um KiMala de BH. Era isso... Nosso primeiro dia estava finalmente terminando, embora parecesse que jamais acabaria.

 Mas esperem para saber o que ocorreu a partir de então...

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

#GoodNightKarineDias - O Último Adeus

 Era um domingo nublado, mas quando acordei não imaginava o quanto isso iria me afetar. As redes sociais me apresentavam um fato triste, marcante. Uma cidade, Santa Maria, não seria mais a mesma. Nem o Brasil. Nem eu mesmo. O domingo para mim foi de poucas palavras, pouca graça e uma compaixão que doía. Mais de duzentas vidas se perderam. Mais de duzentos sonhos se tornaram pesadelo... Eu sentia que eu precisava fazer algo por aqueles jovens sobreviventes, e pelas famílias em luto. Eu queria orar, e ir além.

 Aquele dia acabou, e na segunda-feira eu acordei com uma esperança ardendo em mim. Havia conseguido ajudas inesperadas para criar uma ação de impacto nas vidas sobreviventes por algum propósito. Eu estava empenhado em agir, em chorar com os que choram. Então recebi uma ligação que me fez parte daquele luto, de fato. Eu havia perdido uma amiga. Karine Dias, a garota do amor infinito.

 Pensei no quão irônica a vida é. Enquanto eu me empenhava para ajudar a amenizar a dor de tantas pessoas tão longe de mim, pude sentir uma dor tão intensa quanto a deles. Enquanto ela voltava de um lugar para onde foi levar vida, ela não pôde chegar devido a morte... Por um momento eu fiquei sem ar. Por um longo momento eu chorei sozinho, me vi no escuro e senti um buraco se abrindo em mim. E tentando suportar a dor, enquanto os pensamentos em você me faziam lembrar que Deus sempre está no controle. Nunca senti tal dor. Nunca havia sido o primeiro a saber de uma morte. Além disso, eu tive que avisar os amigos, e isso é o que ainda mais dói: Dizer a quem a ama que a amiga não voltaria mais.

 Mas decidi ignorar. Não o fato de você ir embora, mas a dor que jamais irá. Sei que minha amiga preferia o meu sorriso às lágrimas, por isso farei o possível para deixar a dor de lado e mostrar o sorriso que você sempre mereceu. Além do mais, se Deus quis a sua vida perto dEle, quem somos nós para ir contra?! Isso seria egoísmo com o nosso Pai.

 Estou feliz porque a vida chegou àquele lugar com ela, juntamente àquela equipe de missionários. A vida de Deus impactou aquela cidade, e a água tão rara desceu. Depois do clamor daqueles que se importaram e se dispuseram, a chuva caiu dos céus, natural e sobrenatural. Ao me lembrar disso, o nosso amigo Espírito Santo me confortou ao dizer que você está eternamente satisfeita com o que viveu e completa onde está.

 Enfim, sei que a dor permanecerá, mas a vida que você deixou em mim será mais forte. Você acreditou no 'tg' mais do que eu mesmo, e sonhou comigo como se fossem sonhos seus. Prometo correr atrás das realizações de Deus, para honrar quem você foi e o quanto acreditou, embora eu seja um pouco menor agora. Bem como disse John Donne: 'A morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano...' Me lembrarei de adorar a Deus na dor, de sorrir quando a vontade for chorar, de voar o mais alto que eu puder, e de que Deus está sempre no controle!

E pra terminar, o seu último tweet, adaptado:

'Sentirei saudades dessa garota alegre e nada pacata, onde as janelas da alma (seu sorriso) sempre estiveram abertas durante as noites da vida...'

Jamais me esquecerei que somos INFINITOS!


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

#EncaixandoAsPeças

 A vida anda tão intensa que é necessário extremo cuidado para não atropelar o que amamos... Num cenário comum, mas não mais o mesmo, o antigo vilão está tentando se encaixar enquanto age impulsivamente com seus bons amigos. Em outro canto, dois corações que quase pararam de bater estão à deriva de inconsequentes escolhas para voltar ao seu ritmo normal. Algumas coisas parecem estar sendo encaixadas, tiradas do seu devido lugar e até mesmo fazendo sentido para algumas pessoas. Mas estejamos atentos para procurar as verdadeiras peças com sabedoria, pois o que estamos encaixando em nossas vidas pode estar mudando o rumo dela, e as peças que são varridas para debaixo do tapete cedo ou tarde são encontradas, ao fim de cada jogo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Canção do Amor - Notas de Loucura


 O amor é música. Ele é verdade que vibra ao coração de quem se permite senti-lo. Todos podem escutá-lo, mas são raros os que conseguem ouvi-lo. A mistura de razão, compromisso e emoção, é o que gera a letra e a melodia de sua canção. O amor é eclético, feito de muitos ritmos, o que traz a liberdade para que cada coração, singular e pessoalmente, aprenda a dançar ao som de suas notas.

 Poesia da mente, movimento do corpo, inspiração para o outro. Seu ritmo contagia, se espalha, faz-nos cantar e os males, espantar. Sua música envolve o corpo, lava a alma, atrai corações e faz da entrega suas próprias razões. Faz-nos simplesmente dançar no altruísmo e perder o que prende certa lucidez.

 Nietzsche disse certa vez: “E aqueles que foram vistos dançando, foram julgados loucos por aqueles que não podiam ouvir a música.” Tal música é o amor. Só quem tem amor de verdade é julgado louco por dançar sua melodia. Somente quem é corajoso se passa por louco, sente, dança, ama. Percebe-se que dançar a canção do amor é coisa para loucos. Logo, amar virou coisa de gente corajosa.